sábado, 25 de junho de 2022

 Vamos falar do mito do Gigante Adamastor.




Segundo a lenda, Adamastor era um gigante filho da deusa Terra, (Gaia em grego) , que se revoltou, com outros gigantes, contra Zeus, o Deus supremo dos Gregos. Furioso, Zeus fulminou-os com um raio condenando-os a vaguear de costa em costa. Foi assim que Adamastor conheceu Thetis, uma ninfa dos oceanos, mãe de Aquiles, e por ela se apaixonou. Mas o Gigante sabia que era feio demais para conquistá-la e por isso decidiu resolver o assunto pela força. Apavorada, Dóris mãe de Thetis, tentou desesperadamente convencer a filha a aceitar o Adamastor como companheiro mas perante a recusa desta, teve de encontrar outra solução. Depois de muito pensar, mãe e filha decidem, então, com a ajuda de Zeus, montar uma armadilha ao Gigante, dizendo-lhe que Thétis ficaria com ele, se ambas fossem poupadas.






Cheio de esperanças, Adamastor põe fim à guerra e pede um encontro com Thétis. Ela aparece-lhe, mas quando este a abraça e beija, vê-se de repente agarrado ao cume de um monte acabando por se tornar numa parte desse monte: o Cabo das Tormentas. Esse mesmo. O cabo que tanto assombrou a imaginação dos marinheiros portugueses durante a época dos descobrimentos.

No famoso poema "Os Lusíadas", Camões fala do gigante em seu canto V:



37




Porém já cinco Sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca d'outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.



38

Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
- «Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?»



39

Não acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.



40

«Tão grande era de membros que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!



41

E disse: - «Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d'estranho ou próprio lenho;


Adamastor revela a força da Natureza contra a audácia dos navegadores por mares nunca antes navegados, denominado por Bartolomeu Dias, que o dobrou em 1488,  como Cabo das Tormentas, hoje Cabo da Boa Esperança.

O poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage também se referiu ao gigante Adamastor num de seus poemas:


Adamastor cruel!... De teus furores
Quantas vezes me lembro horrorizado!
Ó monstro! Quantas vezes tens tragado
Do soberbo Oriente dos domadores!Parece-me que entregue a vis traidores
Estou vendo Sepúlveda afamado,
Com a esposa, e com os filhinhos abraçado
Qual Mavorte com Vênus e os Amores.
Parece-me que vejo o triste esposo,
Perdida a tenra prole e a bela dama,
Às garras dos leões correr furioso.Bem te vingaste em nós do afouto Gama!
Pelos nossos desastres és famoso:
Maldito Adamastor! Maldita fama!






Fontes:
portuguesnalinha.blogs.sapo.pt
wikipedia.org
historiarn.blogs.sapo.pt/
oportugues.freehostia.com
infopedia,pt
google.com

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