sexta-feira, 3 de junho de 2022

Em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil, vamos falar hoje da Revolta dos Males.

A Revolta dos Malês foi uma revolta de escravos que aconteceu na cidade de Salvador, na Bahia, em 1835. Essa foi a maior revolta de escravos da história do Brasil e mobilizou cerca de 600 escravos que marcharam nas ruas de Salvador convocando outros escravos a se rebelarem contra a escravidão. A Revolta dos Malês, que ficou marcada pela grande adesão de africanos muçulmanos, acabou fracassando e os envolvidos foram duramente punidos.







Escravidão no Brasil

A escravidão foi introduzida no Brasil ainda no século XVI pelos portugueses. Os primeiros africanos a desembarcarem como escravos foram trazidos para Recife. Ao longo de mais de 300 anos de escravidão, indígenas, africanos e crioulos (nascidos no Brasil) sofreram com a violência e a exploração dessa instituição.

Os escravos, por sua vez, não eram passivos à sua situação e resistiam ao trabalho escravo de diversas maneiras. Os escravos poderiam fugir individualmente ou até coletivamente e muitos dos que fugiam se abrigavam em quilombos, um reduto de escravos fugidos que teve em Palmares seu grande símbolo.




As revoltas também eram um ponto importante e muitas delas eram violentas. Nelas, os escravos voltavam-se contra seus senhores ou até mesmo contra as próprias autoridades da região em que eram escravizados. A Bahia foi um grande símbolo de revoltas de escravos, sobretudo na primeira metade do século XIX.

Na época da revolta dos Males, Salvador era uma cidade de pouco mais de 65 mil habitantes. 80% da população era formada por negros e, destes, 40% eram escravizados.



Parte desta população era formada por africanos de origem muçulmana, os nagôs (iorubá) e haussás. Estes africanos ficaram conhecidos no Brasil como Malês, que provém da língua Iorubá na palavra imalê, que significa muçulmano.

A partir deste momento, criou-se outra vertente do negro escravizado, questionador e revoltoso, pois eram povos que possuíam bom nível de instrução e não aceitavam romper com a cultura islâmica.

Os senhores de escravos, assim como a sociedade baiana, não estavam acostumados a lidar com negros tão apegados as suas raízes. Estavam acostumados com escravizados submissos e grosseiros, pois já estavam há muito tempo sem contato com as suas raízes. A inteligência dos malês rompeu com muitos estereótipos da época.




Os malês eram estudiosos, sabiam ler e escrever em árabe e fazer contas. Por este motivo eram usados como escravos de ganho e atuavam na área urbana de Salvador.

Trabalhavam no comércio vendendo frutas, ou como sapateiros, ferreiros, pedreiros. Fato que lhes garantia maior mobilidade para circular pela cidade e se comunicar com outros escravizados malês e organizar reuniões com os levantes.

Estes negros foram a prova da grande capacidade de mobilização que havia entre os escravizados. Com estratégia e ousadia, conseguiam incitar escravizados a participar da revolta.

Uma destas estratégias foi distribuir panfletos escritos em árabe – isso foi uma maneira de divulgar o planejamento do levante sem que os patrões descobrissem as reais intenções do grupo.

Após algumas tentativas de revoltas que foram reprimidas, foi possível enxergar que poderiam construir um movimento mais forte.

O ápice das manifestações aconteceu no final do Ramadã de 1835, o nono mês do calendário islâmico, dedicado ao jejum e reflexão espiritual, período sagrado para os muçulmanos.





A data escolhida foi a manhã do dia 25 de janeiro de 1835, pois é o dia da festa conhecida como Lailat al-Qadr (ليلة القدر), a Noite da Glória, ou Noite do decreto, que comemora o dia em que o Corão foi revelado para Maomé.

Cerca de 600 negros, entre escravizados e libertos, se armaram de paus e lanças e iniciaram a Revolta dos Malês, que era formada exclusivamente por negros africanos.




Eles reivindicavam por liberdade para expressar sua religião sem qualquer restrição. Pois no Brasil do século XIX, com exceção do cristianismo, todas as religiões eram consideradas profanas.

Isso era uma tentativa do governo da época de acabar com qualquer relação do escravizado com sua terra natal e sua ancestralidade. Desta forma apagavam a identidade dos negros que chegavam ao Brasil.

Desta forma, os malês planejavam fundar uma república islâmica ortodoxa na Bahia, que dominaria a princípio a cidade de Salvador e o Recôncavo baiano e posteriormente iriam dominar o estado de Pernambuco, após libertar todos os escravizados muçulmanos.



O primeiro negro a ser resgatado seria Pacífico Licutan, conhecido como Bilal, era o líder de revolta dos Malês, que estava preso para pagar dívidas do seu senhor.


Pacífico Licutan




O plano era de atacar a cidade pela manhã do 25 de janeiro. Era domingo e a população estava reunida em torno da igreja do Senhor do Bonfim, o que seria o cenário perfeito para um ataque surpresa.

Os negro foram delatados pela ex escrava Guilhermina de Souza. 





A revolta do Malês foi repreendida de maneira bastante violenta. O resultado deste conflito foi que 70 negros foram mortos. Outros escravizados tentaram fugir nadando pelo mar, porém, sem sucesso.

Alguns negros foram açoitados, outros foram deportados para outro lugares do Brasil e da África, outros permaneceram presos.

A pena mais pesada foi para Pacifico Licutan, que recebeu 1.200 chibatadas, referente à pena de morte.




Após a revolta dos malês, o medo foi instaurado em todas as províncias do Império, principalmente o Rio de Janeiro.

As notícias do que aconteceu em Salvador deixaram as autoridades em alerta, submetendo os escravizados africanos à repressão abusiva e extrema vigilância.



Fontes:
todamateria.com.br
wikipedia.org
google.com
politize.com.br

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