segunda-feira, 13 de junho de 2022

Uma expressão da língua portuguesa muito utilizada para dizer que nada mais adianta; que não tem mais nada a fazer é "Agora que a Inês é morta". Mas de onde vem essa expressão?


Inês de Castro





A inspiradora dessa frase é Inês de Castro, destacada no Canto III de Os Lusíadas:


Canto III

118

Passada esta tão próspera vitória,
Tornado Afonso à Lusitana Terra,
A se lograr da paz com tanta glória
Quanta soube ganhar na dura guerra,
O caso triste e digno da memória,
Que do sepulcro os homens desenterra,
Aconteceu da mísera e mesquinha
Que despois de ser morta foi Rainha.

122

De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas,
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas,
O velho pai sesudo, que respeita
O murmurar do povo e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria,

123

Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co sangue só da morte ladina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina,
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra hûa fraca dama delicada?

124

Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,


Inês de Castro (1325-1355) , nobre dama de Castela, que fez parte da corte de Constança; quando essa foi para Portugal se casar com o Infante Pedro, filho do rei Afonso IV, e herdeiro do trono.



Em 1340, depois de casar-se com o príncipe D. Pedro de Portugal, por procuração, no convento de São Francisco em Évora, em 1336, D. Constança chegou a Portugal.

Em sua companhia vieram parentes, criados e pajens, entre elas, a dama de companhia Inês de Castro. De imediato, D. Pedro se apaixonou por D. Inês. Mesmo apaixonado por Inês, casa-se com Constança no dia 24 de agosto de 1339, na Sé de Lisboa.

Quando a princesa Constança teve seu primeiro filho em 1342, deu ao infante o nome de Luís. D. Inês foi convidada para madrinha. De acordo com os preceitos da Igreja Católica de então, a relação entre padrinhos era de parentesco moral e o amor entre eles era quase um incesto.


Pedro e Constança




D. Constança, ciente da traição do marido, vivia a lamentar a triste sorte. Teve seu segundo filho, Fernando, em 1345. Em 1349, logo depois de dar a luz a sua filha Maria, a rainha morre.

Depois da morte da mulher, D. Pedro manda buscar Inês, contrariando as ordens do pai. Instalados em Coimbra finalmente estavam juntos. No Mosteiro de Santa Clara vive o feliz casal e é ali que nascem os seus filhos Afonso, João, Dinis e Beatriz.


Pedro e Inês de Castro






Quando D. Constança, esposa de D. Pedro faleceu, D. Afonso IV e seus vassalos ficaram preocupados com a influência da galega na vida política do futuro rei. Contra a vontade do pai, D Pedro ordenou que Inês de Castro voltasse para o reino, e passaram a viver juntos. Isto representou uma grande afronta para o pai e rei. Temendo pela independência de Portugal, D. Afonso IV mandou matar Inês enquanto D. Pedro estava numa excursão de caça.


Fonte das lágrimas (local do assassinato de Inês)




A morte de Inês provocou revolta de D. Pedro contra seu pai. Aclamado rei em 1357, com a morte de D. Afonso,  Pedro I começa a perseguição aos assassinos de sua amada Inês. Com requintada malvadez, a vingança é executada nos Paços de Santarém.

Manda amarrar as vítimas em postes e ordena ao carrasco que tire de um o coração pelas costas e do outro pelo peito. Como se ainda não bastasse, teve coragem de partir os corações, terminando sua sede de vingança.




Em 1360, o rei D. Pedro I assume publicamente que o casamento com Inês de Castro teria se realizado, em segredo, antes de sua morte.

Conta a tradição que Pedro I resolve fazer uma homenagem merecida a D. Inês de Castro, rainha de Portugal, ordenando que o corpo da amada fosse desenterrado e sentado no trono.

Inês é coroada rainha depois de morta. Daí vem a frase :"Inês é morta".





A rainha foi coroada, e os nobres obrigados a procederem a cerimônia do beija-mão ao cadáver sob pena de morte. Em seguida ordenou o translado dos restos mortais de Coimbra para um túmulo que mandou construir em Alcobaça.


Túmulo de Inês de Castro em Coimbra



Fontes:
wikipedia.org
google.com
ebiografia.com
significados.com.br
passeiweb.com
vestibular1.com.br



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