Em época onde o conservadorismo, como forma de volta ao passado e ao reacionarismo, como negação da evolução humana, vamos falar do "Velho do Restelo" do Canto IV dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões.
Camões
Restelo é um bairro de Lisboa na freguesia de Belém, próximo ao mar e local de chegada e partida de navegadores.
O velho do restelo
Columbano Bordaro Pinheiro (1904)
Canto IV
94 - (O Velho do Restelo)
“Mas um velho d’aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
95
”Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
96 -
“Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
Vasco da Gama, herói português e descobridor do caminho às Índias, narra ao rei de Melinde (África), a história de seu país e suas aventuras durante a viagem. Fala especialmente da partida do porto de Belém, e as falas do velho do restelo, criticando as aventuras e a cobiça à procura de outras terras e fortuna, deixando pais, mulheres e filhos para trás.
O velho representa a luta contra a mudança, o certo pelo incerto. O medo de descobrir algo novo que jogue por terra todos os conceitos enraizados durante uma longa vida.
Representa ainda o apego ao passado e a falta de ambição por coisas novas.
Fontes:
Camões, Luís 0 Os Lusíadas - editora Tecnoprint S.A.
wikipedia.org
google.com
passeiweb.com
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