segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

 

Vamos abordar hoje a peça Mandrágora de Nicolau Maquiavel.





Maquiavel é um escritor italiano conhecido mundialmente por seu livro O Príncipe no qual faz reflexões sobre como se deveria governar um território e por isso, ainda é muito consumido por aspirantes a políticos e para os que gostam desses assuntos. Nascido no ano de 1469 o escritor presenciou uma Europa que acabara de sair da Idade Média por isso em suas obras critica os antigos costumes e tem uma visão, relatada em seus escritos, dessa nova fase que a humanidade ocidental estava a iniciar; seus pensamentos modernos fazem dele um dos maiores estudiosos do período do Renascimento, onde explorou áreas como a filosofia, história, música e literatura. No que diz respeito a esta última existem três títulos que foram traduzidos para o Brasil: Belfagor, o Arqui-diabo; A Mandrágora; e O Príncipe.




Mandrágora é uma planta da família da Solanaceae de origem eurasiana, herbácea, acaule, dotada de flores campanuliformes (forma de sino) e frutos bacáceos. Seus frutos amarelos, carnosos. arromáticos e tóxicos eram chamados de "as maçãs do diabo" pelos árabes devido a supostos efeitos afrodisíacos. As várias crendices e lendas ao redor desta planta provavelmente se originaram do fato de ela possuir uma raiz principal bifurcada bastante ramificada, muitas vezes assemelhando-se à forma humana.




No Filme Harry Potter e a Câmara Secreta a planta é citada como tarefa dos alunos que devem replanta-las em outros recipientes.


Maquiavel



A Mandrágora é uma comédia escrita pelo italiano Nicolau Maquiavel. Considerada uma obra-prima do Renascimento italiano. Composta de um prólogo e cinco atos, é uma sátira poderosa à corrupção da sociedade italiana da época. O título da peça faz referência a mandrágora uma planta cujas raízes são atribuídas propriedades afrodisíacas. Acreditava-se que a obra havia sido escrita em 1518, mas estudos recentes apontam que pode ter sido escrita quatro anos antes. Foi publicada pela primeira vez em 1524.


Conta a história do jovem florentino Calímaco, que por conta de uma aposta, conhece e passa a desejar furiosamente uma mulher casada que não consegue ter filhos com seu marido. Para conquistá-la, com ajuda de um jovem embusteiro, de um frei sem escrúpulos e da mãe da recatada esposa, ele finge ser médico e receita um tratamento a base de mandrágora, uma planta afrodisíaca.

Mandrágora


A história se passa em Florença em 1504. Calimaco, recém chegado de Paris apaixona-se por Lucrécia, que é casada com o ingênuo doutor Messer Nicia, um doutor da lei amargurado por não ter tido um filho. Calímaco, com a ajuda do servo Siro e do astuto amigo Ligúrio, finge ser um médico famoso e convence Messer Nicia de que a única maneira de fazer sua esposa engravidar seria obrigá-la a tomar uma infusão de mandrágora. Entretanto diz que o primeiro homem que mantiver relações sexuais com ela morrerá envenenado. Nicia recusa-se de imediato, porém Ligúrio intervém e encontra, rapidamente, uma solução ao raptarem um rapaz e fazê-lo ter um encontro com sua esposa, o que deixa Nicia um pouco tranquilizado, porém perplexo pois alguém terá que deitar-se com sua esposa. Ligúrio trama com Calímaco para que este vista-se de rapaz e que tenha uma noite com sua paixão. Calímaco, vestido de rapaz, é golpeado e trazido a casa de Nicia e, enfim é trazido até o leito de Lucrécia. Esta por fim, é convencida por frei Timóteo a consumar o ato adúltero, e no momento em que é revelada a verdadeira identidade de Calímaco, ela concorda finalmente em tornar-se sua amante. Após a noite do engano, Calímaco, desta vez fazendo-se de médico novamente, consegue de Nicia, satisfeito com a futura paternidade, autorização para habitar em sua casa.





A estrutura da peça teatral evidencia a crítica social de Maquiavel à vida e à política florentina. O enredo social é formado primeiramente por um doutor em Direito, Nícias Calfúcio que, segundo Maquiavel, (…) em Boécio (Buezio) aprendeu normas legais .O neologismo italiano Buezio, adaptado pelo tradutor para o português como Boiécio, é uma tentativa de Maquiavel de, no “Prólogo”, dar ao espectador – ou leitor – uma alusão à estupidez de Nícias que, mesmo sendo doutor, é engenhosamente enganado pelo jovem Calímaco, figura cheia de virtùe de fortuna, que nos faz lembrar o protótipo político estabelecido por Maquiavel na obra O Príncipe: César Bórgia, filho do Papa Alexandre VI.


Além destes, constituem o enredo os seguintes personagens: um corrupto frade servita, Frei Timóteo; o servo fiel Siro; Ligúrio, amigo e mediador do romance com Lucrécia; Sóstrata, sogra do doutor Nícias, e Lucrécia, a esposa deste; além de uma mulher anônima que aparece em cena breve mas, extremamente, importante junto ao frade servita, na Cena 3 do Terceiro Ato.
     

                       A Mandrógara - Prólogo
"Que Deus vos salve, ouvintes meus benignos, pois depender parece do agrado que eu vos der essa
bondade. Se guardando silêncio vós seguirdes, conhecer podereis novo caso surgido nesta terra.
Atentai no cenário, tal como se apresenta: esta é a nossa Florença (de outra feita será Roma ou
Pisa); e a coisa é de se morrer de riso. Esta porta que fica à minha destra é a casa de um doutor,
que aprendeu muitas leis lendo Boiécio

2. Aquela rua que vedes lá na esquina é a Rua do Amor,
onde quem cai não se levanta mais. Conhecereis depois, pelo trajo de um frade, qual abade ou
prior mora no templo que está posto em frente, se não fordes embora antes do tempo.
Um mancebo, Calímaco Guadagni,
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que chegou de Paris, mora acolá, naquela porta à esquerda.
Entre os demais alegres companheiros traz ele claras marcas do primado no garbo e no donaire.
Uma jovem prudente acendeu-o de amor e, por isto, enganada foi, tal como ouvireis; e eu
desejara que enganadas como ela fôsseis vós.
A comédia intitula-se A MANDRÁGORA; por quê, isso dirá a representação, tenho certeza. Não
desfruta o autor de muita fama; se não rirdes, no entanto, aceitará pagar-vos um bom trago. Um
amante infeliz, um doutor pouco astuto, um frade de má vida, um parasito fértil em malícia, hoje
serão vosso passatempo. Se julgais o assunto pouco digno, por leve em demasia, de quem
pretende ser grave e sisudo, perdoai-o, por isso que se empenha, nesses vãos pensamentos, em
mais brando tornar seu triste tempo, pois não pode voltar seu rosto a outra parte, vedado que lhe
foi o talento mostrar noutras façanhas e obter o galardão de tais fadigas."




No Brasil, a peça ganhou versões de diversos encenadores e grupos conceituados. Em 1962, Augusto Boal a montou no Teatro de Arena, com Paulo José e Maria Alice Vergueiro no elenco.

Com Paulo José, Dina Sfat e Ney Latorraca



Depois, em 1975, Paulo José encenou o texto, com participação de Dina Sfat e Ney Latorraca. Mais recentemente, o Grupo Tapa, sob direção de Eduardo Tolentino, também levou a peça aos palcos.



Fontes:
wikipedia.org
spescoladeteatro.org.br
google.com
literatura-italiana.blogspot.com
comnsciencia.org
docs.goolge.com

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