Estreito de Magalhães
Ainda criança, Fernão de Magalhães (1480-1521) já sonhava com viagens, com a infinitude do mar e com as estrelas. A década de 1490 era de mudanças decisivas, Cristóvão Colombo e Vasco da Gama descobriam o mundo. Enquanto isso, o jovem Magalhães sonhava não só apenas em ver com os próprios olhos o que esses aventureiros e heróis do mar haviam descoberto, mas ir além, descobrindo o que eles ainda não tivessem encontrado.
Em 1513, Magalhães já era um viajante e marinheiro experiente, tendo ido até a Índia, China e Ilhas Molucas. Seus sonhos de navegar em direção ao Ocidente, no entanto, persistiam. Ele queria chegar pelo oeste até as Índias, provando assim que a Terra é redonda.
Dom Manuel, rei de Portugal, no entanto, rejeitava a proposta, além de não demonstrar qualquer simpatia pelas ideias do aventureiro. Em 1518, o monarca lhe negou mais uma vez a permissão para uma expedição rumo ao Ocidente, o que deixou Magalhães amargurado e decepcionado.
Rejeição de Portugal, apoio da Espanha
O cidadão português virou então as costas à terra natal e dirigiu-se ao rei Carlos da Espanha. Desde o Tratado de Tordesilhas de 1494, no qual o papa Alexandre 6º dividira o globo terrestre em dois hemisférios, delegando a parte ocidental à Espanha e a oriental a Portugal, os dois países discutiam sobre os limites de cada região.
Fernão de Magalhães assegurou ao monarca espanhol: "Com a minha expedição, vou mostrar onde estão as fronteiras entre Portugal e Espanha e provar que as Ilhas das Especiarias pertencem à Espanha".
Ele iniciou sua viagem em 20 de setembro de 1519 partindo de Sanlúcar  de Barrameda, em Cádis. 
Ele não tinha a intenção de circunavegar a Terra. O acordo firmado com o rei de Castela em 22 de março de 1518 proibia isso, pois violaria os interesses e direitos do D. Manoel I, de Portugal, tio e cunhado do rei espanhol garantidos pelo Tratado de Tordesilhas de 1494. 
A orientação dada a Magalhães era navegar em direção oeste (a mesma rota marítima que fizera Colombo), encontrar o caminho mais curto possível para a Índia e “descobrir ilhas e continentes, ricas jazidas de especiarias e outras coisas” no mundo espanhol. Sob nenhuma circunstância a expedição de Magalhães deveria operar na parte portuguesa do mundo. A expedição era formada por 5 navios e uma tripulação de 234 homens, bem como equipamentos, artilharia e provisões para dois anos. A tripulação era composta por espanhóis, na maioria, mas havia também tripulantes de outras origens: 37 portugueses, 26 italianos, 10 franceses, 4 flamengos, 2 gregos, 2 alemães, 1 inglês, 1 norueguês e 1 escravo malaio, Henrique de Malaca, que atuaria como intérprete para Magalhães. Nas Ilhas Canárias, o número total de tripulantes aumentou para 242.
Em cálculos matemáticos realizados em conjunto com dois cartógrafos portugueses, os irmãos Faleiro, Fernão de Magalhães acreditava que havia uma passagem ao sul do continente americano pela qual era possível chegar ao oceano Pacífico e também que as ilhas Molucas, conhecidas como Ilha das Especiarias, eram destinadas ao controle espanhol, de acordo com o Tratado de Tordesilhas.
Entretanto, a viagem não foi nada fácil. Ainda no Atlântico, enfrentaram fortes tempestades, creditando os marinheiros sua salvação, segundo o historiógrafo da expedição, o italiano Antônio de Pigafetta (1480 ou 1491-1534), às aparições de três santos, São Telmo, Santa Clara e São Nicolau. Curiosamente essa crença na aparição dos santos está ligada a um fenômeno atmosférico, chamado de fogos de Santelmo, que faz com que as tempestades, devido à energia contida nas nuvens, produzam halos de luz elétrica no alto dos mastros dos navios.
Em novembro de 1520, a expedição conseguiu atravessar o estreito localizado ao sul do continente americano e que atualmente leva seu nome, o estreito de Magalhães.
Entretanto, nos cinco meses anteriores, Fernão de Magalhães teve de enfrentar insurreições entre seus subordinados, resultando na decapitação do capitão Gaspar de Quesada e no abandono do capitão Juan de Cartagena.
Conseguiram chegar ao arquipélago de Saint-Lazare, atual Filipinas, em março de 1521. Porém, em 27 de Abril, em decorrência de confrontos com os habitantes das ilhas, Fernão de Magalhães foi morto ao ser atingido por uma lança envenenada, cujo ferimento o matou instantaneamente.
Dessa forma, Fernão de Magalhães não conseguiu completar o trajeto da circum-navegação, sendo que essa conquista foi realizada por poucos de seus comandados, dezoito no total, a bordo do único navio que havia resistido a todos os problemas, o Victoria. Depois de passarem fome e terem que dispensar no mar boa parte das especiarias que transportavam, o Victoria atracou em Sevilha em maio de 1522, completando a primeira circum-navegação do globo terrestre e inaugurando uma nova rota de comércio marítimo pelo oceano Pacífico.
A fome, o escorbuto e o calor reduziram a tripulação à metade. Somente 115 homens chegaram às Filipinas, onde Magalhães morreria num confronto com os nativos.
Em 7 de setembro de 1522, praticamente reduzido a uma carcaça, o navio Vitória chegou sozinho ao porto de Sevilha, na Espanha, conduzido por Sebastião El Cano
A bordo encontravam-se apenas 18 dos 280 homens que haviam participado da expedição. Dos cinco navios da expedição, somente um retornou. Apesar disso, o sobrevivente Antonio Pigafetta registrou em seu diário, no dia do regresso à Espanha: "A fama de Magalhães será eterna".
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