Vamos abordar aqui o significado de algumas músicas brasileiras, interpretando suas letras.
Começamos com a música "Drão" de Gilberto Gil.
Drão - Gilberto Gil
Drão, o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra geminar
Plantar n'algum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura?
Dura caminhada
Pela estrada escura
Drão, não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito, imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura?
Cama de tatame
Pela vida afora
Drão, os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão?
Morre e nasce trigo
Vive e morre pão
Drão, Drão, ah-ah-ah
Drão, Drão, oh-oh-oh
Drão, Drão, ah-ah-ah
Drão, Drão, oh-oh-oh
A música foi lançada em 1982 como uma homenagem de Gil para sua terceira esposa, Sandra Gadelha, apelidada de Drão por Maria Bethânia.
Gil e Maria Gadelha
Ela foi escrita no período de separação do casal. Gilberto Gil afirmou sobre a canção:
"Sua criação apresentou altos graus de dificuldades porque ela lidava com um assunto denso – o amor e o desamor, o rompimento, o final de um casamento; porque era uma canção para Sandra e para mim. “Como é que eu vou passar tantas coisas numa canção só?”, eu me perguntava."
-"Tem de morrer para germinar...."
A semente deve ser germinada para tornar-se fruto, para desabrochar.
"...cama de tatame..."
Sandra era companheira de Gil pela vida afora, especialmente durante seu exílio em Londres durante a ditadura. Já a cama de tatame é literal: segundo Sandra, dormiam sempre em um tatame no início do casamento.
Mesmo que tenham passado por momentos muito difíceis, essas situações tornaram o amor dos dois ainda mais forte e infinito.
Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Nesse ponto, o compositor lembra que seus filhos estão bem e qualquer culpa é, na verdade, dele mesmo. E continua:
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão.
Gilberto Gil e Sandra Gadelha começaram o namoro em 1968, em pleno movimento Tropicalista. Em dezembro, Gil e Caetano foram presos devido ao AI-5, quando a ditadura militar atingiu seu ápice.
Pouco tempo depois, Gilberto se casou com Drão e eles fugiram em exílio para Londres. Com Sandra, teve três filhos: Pedro, Preta e Maria Gil. Em 1979, o casal começou o seu processo de separação.
O filho Pedro morreu num gravíssimo acidente de carro em 1990.
Outra linda música e para alguns de difícil interpretação é Gita do fantástico Maluco Beleza, Raul Seixas.
Música lançada em 1974 em parceria com Paulo Coelho.
Gita
Eu, que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando
Foi justamente num sonho que Ele me falou
Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao seu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
eu sou a a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou
Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição
Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada
Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar
Você me tem todo o dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim
Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra "A" tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos "peg-pagues" do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
É, mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio
O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
A ideia da música veio de um texto escrito no século IV antes de Cristo da cultura indiana chamado de Bhagavad Gita.
A obra fala sobre quais seriam os caminhos para o homem evoluir espiritualmente, apresentados através de um diálogo entre Krishna, a representação de Deus, e Arjuna, um discípulo guerreiro.
Arjuna e Krishna
Grande parte da letra é baseada num diálogo entre Arjuna e Krishna, quando Arjuna pergunta quem é Krishna.
Ele então responde : - " Entre as estrelas sou a lua… entre os animais selvagens sou o leão… dos peixes eu sou o tubarão…. de todas as criações eu sou o início e também o fim e também o meio."
Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
As interpretações dessas duas estrofes soam ambíguas; estaria o cantor falando sobre ele mesmo ou sobre a presença do divino, onipresente e onipotente. Toda hora os que creem pensam nele, muitas vezes sem entende-lo.
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Trecho da letra tirada do texto no diálogo entre Arjuna e Krishna.
Continuam as relações com o divino:
Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim
Das telhas, eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra A tem meu nome
Dos sonhos, eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos pegue-pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
(Gita! Gita! Gita! Gita! Gita!)
No início da década de 70 ainda eram raros os grandes supermercados como conhecemos hoje em dia. A marca que inicio as grandes redes de supermercados foi a Peg-Pag do grupo Pão de Açúcar, inaugurada em São Paulo em 1954. a rede terminou em 1978.
Não existe distinção entre as funções que cada um desempenha na sociedade, nem importa o local onde se está agora. Deus pode ser acessado em qualquer lugar, mas sempre dentro de você mesmo.
Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
Eu, mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio
O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
As estrofes finais de Gita deixam isso bem claro ao mencionar eu sou o início, o fim e o meio. Lembre-se que, no início da música, logo na primeira estrofe, temos Raul afirmando que Deus falou com ele através de um sonho.
Fontes:
letras.musicas.br
google.com
wikipedia.org
lyricfind.com
youtube.com
tvprime.ig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário