segunda-feira, 2 de maio de 2022

Dando continuidade às comemorações do Bicentenário da Independência, hoje vamos falar da Guerra dos Mascates.




A chamada Guerra dos Mascates foi uma das revoltas daquelas que ficaram conhecidas como Movimentos Nativistas, que tiveram como principal causa os descontentamentos entre os colonos com relação às medidas tomadas pela Coroa Portuguesa. Essa revolta ocorreu nos anos de 1710 e 1711, no estado de Pernambuco e acabou envolvendo duas cidades: Olinda e Recife.

Em torno da década de 1650, os holandeses acabaram sendo expulsos definitivamente do Brasil, pois já havia acontecido a chamada Restauração em Portugal, onde este conseguiu se tornar livre da Espanha, unido a ela por 60 anos por conta de uma crise dinástica (a conhecida União Ibérica). Mas com essa expulsão, a economia do Brasil estava entrando em crise. A concorrência entre o açúcar produzido no Brasil e o açúcar que era produzido pelos holandeses nas Antilhas era muito grande.


Antes, enquanto os holandeses estavam no Brasil, os grandes produtores de açúcar usufruíam dos investimentos feitos pelos holandeses. Mas com a expulsão destes, o açúcar produzido por eles era mais barato e de melhor qualidade, prejudicando as exportações do Brasil. É interessante destacar que Recife, cidade que cresceu muito com a presença holandesa, não passava por essa crise açucareira, pois havia uma intensa atividade econômica dos mascates, como eram conhecidos os comerciantes portugueses da região. Recife não era economicamente nem politicamente importante antes da chegada dos holandeses.

Olinda era na época um centro desenvolvido, se comparado ao Recife. Com o tempo, porém, Recife superou Olinda em desenvolvimento e importância econômica, a quem era subordinado.

Os latifundiários de Olinda passavam por uma grande crise por conta do açúcar que perdia competitividade em relação ao açúcar produzido pelos holandeses nas Antilhas.

Com isso eles pediram empréstimos para os comerciantes portugueses de Recife (os mascates), empréstimos esses que ficaram impagáveis com o tempo.

Com a elevação de Recife à condição de vila pode-se montar uma Câmara de vereadores na cidade. A medida deixou os latifundiários de Olinda bastante apreensivos, pois temiam que dessa forma os comerciantes portugueses tivessem meios para exigir o pagamento imediato das dívidas que tinham a receber. Dessa forma, a definição das fronteiras dos dois municípios serviu como estopim para o conflito.





A guerra teve início em 1710, com a vitória dos olindenses que conseguiram invadir e controlar a nova cidade pernambucana. Logo em seguida, os recifenses conseguiram retomar o controle de sua cidade em uma reação militar apoiada por autoridades políticas de outras capitanias. O prolongamento da guerra só foi interrompido no momento em que a Coroa Portuguesa indicou, em 1711, a nomeação de um novo governante que teria como principal missão estabelecer um ponto final ao conflito.




O escolhido para essa tarefa foi Félix José de Mendonça, que apoiou os mascates portugueses e estipulou a prisão de todos os latifundiários olindenses envolvidos com a guerra. Além disso, visando evitar futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das cidades. Dessa maneira, não haveria razões para que uma cidade fosse politicamente favorecida por Félix José. Dessa forma terminou a Guerra dos Mascates.

Em 1714, o rei D. João V, resolveu anistiar todos os envolvidos nessa disputa, manteve as prerrogativas político- administrativas de Recife e promoveu a cidade ao posto de capital do Pernambuco.


Fontes:
wikipedia.org
brasuilescola.uol.com.br
google.com
sohistoria.com.br

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