Vamos falar hoje da obra do escritor português José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, de 1995.
"Costuma-se até dizer que não há cegueiras, mas cegos, quando a experiência dos tempos não tem feito outra coisa que dizer-nos que não há cegos, mas cegueiras."
Sobre o livro diz o autor:
... "Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
O livro começa com um homem sentado em seu carro que subitamente tem um ataque de cegueira, sem motivos aparente, mas não uma cegueira comum; onde tudo fica escuro, é uma cegueira branca, onde tudo fica branco.
Outros que correm para ajudá-lo são acometidos do mesmo mal e ficam cegos também.
A cegueira se espalha pela população e desesperado o governo tenta conter a doença confinando todos num sanatório.
Os esforços do governo são em vão, e logo toda a população sucumbi à epidemia, exceto uma mulher que é a única que pode ver; fato que ela mantém em segredo.
Ela presencia então todas as mazelas de uma sociedade doente e sem compaixão. Todos os sentimento mais abjetos do ser humano como ódio, ganância, inveja, preconceito, discriminação são aflorados.
Lá todos voltam ao Estado Natural, sem regras, sem Estado, sem civilização.
A fome é crescente e as pessoas morrem e matam para saciá-la, as regras morais e sociais são abandonadas, e a única mulher que tem a visão observa a devassidão humana.
O escritor não fala da cegueira física mas da cegueira moral, da cegueira por desinformação, por conveniência, por preguiça de olhar e não ver. Fala do menosprezo pelo outro, da falta de empatia, do individualismo da sociedade moderna.
Numa entrevista para Folha de São Paulo em 2008 ele explica:
"E se formos todos cegos ?!" Nós somos todos cegos; cegos da razão para entender a vida, cegos da razão porque usamos a razão para destruir à vida de todas as maneiras no plano privado e no plano coletivo."
Com a obra que foi levada ao cinema em 2008, dirigido pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles, com Mark Ruffalo, Julianne Moore e Alice Braga, o escritor como é a cegueira social, como é olhar sem ver, nos obrigando a recuperar a lucidez e o afeto pelo próximo.
Fontes:
wikipedia.org
youtube.com
google.com
falauniversidades.com.br
companhiadasletras.com.br
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