sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Hoje vamos falar de uma dos bares mais badalados de São Paulo na década se 80, situava-se na região chamada de "baixa Augusta", Rua Augusta 311, e chamava-se "Spazio Pirandelo"


Maschio e Wladimir (sócios proprietários)




O nome é uma homenagem ao dramaturgo italiano Luigi Pirandelo (1867-1936) autor entre outras da peça "Seis personagens à procura de um autor"




Era um misto de bar e restaurante, e a fila de espera às vezes era longa. 
Foi um efervescente ponto de encontro de intelectuais, artistas e personalidades da política.


Seus pratos recebiam nomes de artistas dos mais variados gêneros da arte e revolucionários, como Danton (Revolução Francesa) Isadora Ducan, Ruy Barbosa, e o fantástico Camões, o meu favorito, (bolinhos de bacalhau, bem sequinhos)





O Pirandello era um bar, restaurante antiquário, brechó, livraria, clube privê onde todos eram sócios, sala de visitas da minha, da sua, da casa de todos nós, ponto de encontro, lounge (para usar termo moderno), sala vip. Tinha um estilo de decoração? Tinha, não sei qual. As coisas seguiam ao sabor do que havia disponível, mudavam quadros, estatuetas, bibelôs, abajures, espelhos, lustres, vasos, ora estávamos num ambiente art-deco, ora art-nouveau, ou barroco, clean, modernista. E o que era modernista?

Tédio não havia. Nem repetição. Nem bom ou mau gosto. Havia o Pirandello onde se chegava cedo para achar lugar. Quem chegava ficava e não se via cara feia, nem garçom rondando a mesa terminado o jantar, querendo estender a conta. Era frequentado por escritores, jornalistas, artistas, pintores, diretores de teatro e cinema, economistas, publicitários, desocupados, fazendeiros, portuários, normalistas, livreiros, guarda-livros, bancários, banqueiros, alfaiates, arquitetos, advogados, agrônomos, modelos, penetras. Descolados e caretas.

Pirandelo era uma festa




No subsolo ficava uma filial da livraria Capitu.
A casa sempre tinha exposições, podia ser de quadros, gravuras, sapatos, vestidos de noiva, enfim, a regra é que lá não havia regra.





Era a época do final da ditadura militar e da volta dos exilados, pessoas interessantes frequentavam o bar, pessoas que tinham o que dizer, mesmo que fosse "jogar conversa fora" mas sem dúvida tinham estilo.
Havia uma calçada da fama, onde famosos colocavam suas mãos, além é claro, da banda do Pirandelo, que saía às ruas uma semana antes do Carnaval.

Lá, é que se deu a ideia da cor amarela nos comícios das "Diretas Já".

Maschio sempre sorrindo e Wladimir com seu chapéu coco, e bigodinho de Carlitos, faziam a alegria e agitação do lugar.


O bar funcionou, na antiga casa de Oswald de Andrade entre os anos de 1980 ate 1989.


Casa de Oswald de Andrade



Antonio Maschio um dos fundadores morreu em 2013.

Antonio Maschio



Wladimir Soares, lançou um livro contando a história do bar, com fatos interessantes vivenciados nos dez anos de existência,  além, é claro das principais receitas.

Hoje no local, funciona a cantina e pizzaria Piolin, Rua Augusta, 311.



Frequentei algumas vezes o bar e realmente era um lugar alegre com boa comida e bom atendimento, além dos proprietários duas pessoas muito carismáticas que percorriam as mesas.



Fontes:


Wikipedia.org
http://boagoncalves.blogspot.com.br
blogdaboitempo.com.br/
travessa.com.br/spazio-pirandello-assim-era-se-lhe-parece
http://baresefutilidades.blogspot.com.br
doidivana.wordpress.com/2008/03/19/pirandello-a-mercearia-dos-anos-80
revistareggional.com.br
glamurama.uol.com.br

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