A Guerra dos cem anos.
A Guerra dos Cem Anos, ocorrida entre 1337 e 1453, não foi uma guerra contínua, mas sim uma sucessão de batalhas envolvendo França e Inglaterra durante o processo de formação das monarquias nacionais europeias.
Na verdade a Guerra dos Cem anos durou 116 anos.
Essa guerra é lembrada por conta da participação de Joana d’Arc, uma camponesa que lutou junto do exército francês. A Guerra dos Cem Anos foi vencida pela França, acabando com qualquer pretensão da Inglaterra de anexar seu território.
O contexto histórico da Guerra dos Cem Anos é temporalmente a passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Politicamente estavam sendo formados os Estados Nacionais, com as regiões passando a ser governadas por um poder centralizado, ao contrário do que acontecia durante a Idade Média, quando governavam vários senhores feudais.
O fim da Idade Média, no entanto é reconhecido historicamente com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453.
No novo regime, o poder estava centralizado nas mãos dos monarcas; começavam assim a surgir as primeiras monarquias, chamadas também de Estado Nacional Absolutista. Alguns desses soberanos da Era Moderna mantiveram certo domínio desde a Idade Média, como também eram militares, eles souberam conter as várias manifestações de camponeses no final do período, assim como os conflitos com outros reinos em formação.
Uma das causas da Guerra dos Cem Anos foi a disputa pelo trono francês. Quando o rei Carlos IV faleceu em 1328, deixando vago o cargo, a Inglaterra tentou tomar o trono, não apenas pelo poder político, mas principalmente por motivos econômicos, já que algumas regiões da França, como Flandres, eram bem-sucedidas comercialmente, especialmente na venda de tecidos.
Naquele tempo, a região de Flandres possuía uma indústria têxtil cujos maiores compradores eram os ingleses, portanto, para os flandrenses, estar sob o domínio da Inglaterra era favorável. O rei da Inglaterra, Eduardo III, alegou então parentalidade, dizendo-se neto de um monarca francês, para justificar a unificação dos dois reinos e mantê-los sob seu comando.
Em 1364, o mesmo rei francês, Carlos V, que tinha assinado o acordo anterior com a Inglaterra, passou a não mais reconhecer o tratado, e as batalhas recomeçaram. As tropas da França atacaram as tropas inglesas, iniciando a reversão das derrotas do primeiro período.
Grande parte das vitórias da França no segundo período foram graças a Bertrand Du Guesclin. O maior feito desse cavaleiro foi fazer a integração das tropas e utilizar a forma de guerrilha para derrotar a Inglaterra. Essa unificação comprovou a relevância da centralização do poder, pois foi dessa maneira que a França conseguiu organizar os nobres – que já estavam até apoiando a nação inimiga – e ainda aumentar os tributos.
Com a morte dos monarcas, tanto de um lado quanto de outro, a guerra ficou amortecida. Quando Eduardo III faleceu, em 1377, o seu sucessor ao trono inglês, Ricardo II, era uma criança de apenas 10 anos. Três anos depois, morreu o monarca francês Carlos V, atenuando o exército francês.
Durante o terceiro período da Guerra dos Cem Anos, os dois reinos enfrentavam batalhas internas em seus próprios territórios. Do lado inglês, o rei Ricardo II foi destituído pela sua própria nobreza, que colocou Henrique V em seu lugar. Do lado francês, aconteciam confrontos em Borgonha, os nobres dessa região dividiram-se entre Armagnacs e Borguinhões. Essa rivalidade se transformou em uma guerra civil entre os que apoiavam os nobres de Borgonha e os apoiadores de Orléans.
Essas batalhas duraram quase trinta anos e enfraqueceram bastante a França, que já estava em guerra com a Inglaterra há tantos anos. Para aprofundar ainda mais a crise, o rei Carlos VI era apontado como alguém sem condições para governar, devido a problemas mentais. Ele foi chamado de louco e, por fim, substituído por uma junta governativa.
O quarto e último período da Guerra dos Cem Anos é caracterizado principalmente pela participação da famosa Joana d’Arc, uma camponesa visionária. Ela lutou na guerra, comandando um regimento (unidade militar com vários batalhões) das forças armadas francesas e alcançou êxito, conferindo diversos fracassos à Inglaterra.
Dessa vez, quem estava em conflito interno eram os ingleses, que vivenciavam a Guerra das Duas Rosas. A reação francesa organizada por Joana D’Arc começou internamente, agindo contra os ingleses em regiões que eles haviam ocupado na França, mas logo passou também para áreas do território rival, aproveitando a crise que havia se instalado na Inglaterra. A França conseguiu retomar porções de terras que estavam nas mãos dos ingleses, mas ainda assim os Borguinhões mandaram prender Joana d’Arc. Em 1430, ela foi capturada e entregue aos ingleses, sendo julgada no Tribunal da Santa Inquisição e condenada à morte um ano depois.
O martírio da guerreira camponesa motivou os soldados franceses a se manterem na luta contra os ingleses. Em 1453, os franceses conquistaram a cidade de Bordeaux, o último inglês, dando fim na Guerra dos Cem Anos. A Inglaterra praticamente abandonou a guerra contra a França para solucionar as disputas internas provocadas pela Guerra das Duas Rosas. Não houve tratados de paz, mas os franceses conseguiram reaver o território que estava sob o domínio da Inglaterra.
A Guerra dos Cem Anos foi, de fato, um conflito envolvendo franceses e ingleses, mas disputas internas alteraram seu curso. Quando não era a França, era a vez da Inglaterra enfrentar a infidelidade dos nobres ao rei ou as disputas internas que geravam guerras civis, beneficiando o inimigo na guerra.
Consequências da Guerra dos Cem Anos.
Uma das principais consequências da Guerra dos Cem Anos foi o fim da tentativa da Inglaterra de obter domínio sobre parte continental da Europa. Já para a França, a guerra fortaleceu o sentimento patriótico e colaborou para o surgimento de sua monarquia nacional e absolutista.
Fontes:
brasilescola.uol.com.br
historiadomundo.com.br
google.com
preparaenem.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário