sábado, 9 de abril de 2022

 Vamos falar do escritor português, Almeida Garret.





Almeida Garrett (1799-1854) foi um poeta, prosador e dramaturgo português que teve um importante papel como o iniciador do movimento romântico em Portugal com a publicação do poema “Camões”.

A obra "Camões" de Almeida Garret é um poema lírico-narrativo, escrito provavelmente durante o primeiro exílio do escritor e é considerada a primeira obra romântica da história da literatura portuguesa.

Eram característica do Romantismo em Portugal:


Individualismo e egocentrismo.
Certa liberdade formal.
Adjetivação abundante.
Uso intenso de exclamações, interrogações e reticências.
Subjetividade e originalidade.
Idealização do amor e da mulher.
Exagero sentimental.
Medievalismo: teocentrismo.


O tema desta obra é a vida de Luís de Camões, em particular, os momentos em que Camões escreveu "Os Lusíadas".

O livro contém dez Cantos e tem como tema a Obra "Os Lusíadas" de Luís Vaz de Camões.



CANTO PRIMEIRO

Esta é a ditosa pátria minha amada,

À qual se o céu me dá que eu sem perigo

Torne com esta empresa já acabada.

Acabe-se esta luz ali comigo.



Lusíadas


I

Saudade! gosto amargo de infelizes,

Delicioso pungir de acerbo espinho,

Que me estás repassando o íntimo peito

Com dor que os seios d’alma dilacera,

- Mas dor que tem prazeres - Saudade!

Misterioso númen, que aviventas

Corações que estalaram, e gotejam

Não já sangue de vida, mas delgado

Soro de estanques lágrimas - Saudade!





João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 04 de fevereiro de 1799. Acompanhou a família na mudança para os Açores, durante a invasão napoleônica.

Garrett passou a infância e a adolescência na ilha Terceira, onde fez seus primeiros estudos. Desde cedo manifestava inclinação pela literatura e pela política., porém, seus pais tentavam encaminha-lo para a carreira eclesiástica.



Almeida Garret




Em 1816, Almeida Garrett deixou a família e retornou para o continente. Ingressou no curso de Direito na Universidade de Coimbra e entrou em contato com as ideias liberais.

Universidade de Coimbra





Jovem, com aspirações políticas, Almeida Garrett se envolveu ativamente na Revolução Liberal do Porto de 1820, que exigia o estabelecimento de uma monarquia constitucional em Portugal.

Em 1821 concluiu a Licenciatura e estabeleceu-se em Lisboa onde ingressou no Ministério do Interior e pouco depois passou a dirigir o serviço de instrução pública.

Em 1823, com a volta do absolutismo, na contra revolta liderada por D. Miguel, Garrett teve que deixar Portugal e exilou-se na Inglaterra. Foi no exílio que entrou em contato com a literatura romântica de Lord Byron e Valter Scott.

Em 1824, por questões de necessidade financeira, partiu para a França onde trabalhou como correspondente comercial em Havre.



Em 1826, Garrett foi anistiado e retornou para Portugal. Dedicou-se ao jornalismo e fundou o diário “O Português” e o semanário “O Cronista”.

Em 1828 retornou para a Inglaterra, devido ao restabelecimento do regime absolutista por D. Miguel. Só conseguiu apoio para seu regresso após o liberalismo sair vitorioso com a Guerra Civil Portuguesa de 1832.


Carreira Literária:



A obra de Almeida Garrett costuma ser dividida em três fases:

A primeira fase teve início em 1816, quando Garrett escreveu seus primeiros poemas, com características do “Arcadismo”, devido à formação neoclássica por ele recebeu. Mais tarde, esses poemas foram reunidos na obra intitulada “Lírica de João Mínimo”.

Em 1821, Garrett publicou o poema “Retrato de Vênus”, um ensaio sobre a história da pintura. Seu conteúdo foi considerado uma ameaça à moral e, por isso, ele respondeu a um processo judicial.


Retrato de Vênus

Vénus, Vénus gentil! – Mais doce, e meigo
Soa este nome, Ó Natureza augusta.
Amores, graças, revoai-lhe em torno,
Cingi-lhe a zona, que enfeitiça os olhos;
Que inflama os corações, que as almas rende.
Vem, ó Cipria formosa, oh! Vem do Olimpo,
Vem com mago sorriso, com terno beijo,
Fazer-me vate, endeusar-me a lira. (...)





A segunda fase da obra de Garrett mostrou sua tendência romântica inspirada no Romantismo inglês e enraizada em seu espírito nacionalista e pela valorização da pureza da língua portuguesa.

Influenciado pela obra de Shakespeare, escreveu o poema Camões. Publicado em 1825, foi considerado o marco inicial do “Romantismo em Portugal”, cujo tema é a vida do poeta Luís Vaz de Camões e a composição de seu poema épico Os Lusíadas.

Movido pela saudade de sua pátria, Garrett publicou também os poemas: "D. Branca" (1826) e "A Conquista do Algarve" (1826).

A terceira fase da obra de Garrett apresentou-se essencialmente romântica, quando deixou excelentes poemas lírico-amorosos, entre eles destaca-se:


Este Inferno de Amar

Este Inferno de Amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?
Essa chama que alenta e consome.
Que é a vida – e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... – foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! Despertar? (...)



Teatro Romântico

Almeida Garrett foi também o iniciador do teatro romântico português, despertando, através dele, o sentimento de patriotismo e o gosto pelos momentos marcantes da história nacional.

A partir de 1838, desenvolveu uma campanha a favor da edificação do Teatro Nacional D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

Almeida Garrett escreveu peças neoclássicas, como “Catão” (1822) e românticas, como “Um Auto de Gil Vicente” (1842), “O Alfageme de Santarém” (1842), “Frei Luís de Souza” (uma tragédia, obra prima da dramaturgia romântica portuguesa, 1844) e “D. Filipa de Vilhena” (1846).

Viagens na Minha Terra








Almeida Garrett elevou o gênero literário da prosa através da narrativa de viagens, escrevendo prosas de ficção, entre elas: “O Arco de Santana” (romance histórico 1845-1850), e “Viagens na Minha Terra” (1843-1846).

Viagem na Minha Terra é uma obra-prima, mesclada de meditações filosóficas. Fundamentada em uma viagem que realizou a Santarém, em 1843. O autor relata, no estilo dissertativo, a narrativa do percurso, entremeado de comentários a respeito de tudo que observa.

Os episódios revelam os aspectos românticos através das concepções filosóficas e literárias, como verdadeiro registro da excursão realizada.


Folhas Caídas






Folhas Caídas (1853) foi a última das obras líricas de Garrett e a melhor de suas composições amorosas. São poesias inspiradas na paixão tardia por Maria Rosa, esposa do Visconde da Luz. Nelas, o autor retrata os aspectos verídicos do amor que partem dos desejos sensuais para concretizar-se através dos sentimentos, como na poesia “Quando Eu Sonhava”.


Quando Eu Sonhava

Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via,
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia,
Que nunca pude alcançar.
Agora, que estou desperto,
Agora a vejo fixar...
Para que? – Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava – mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não na conhecia...



Vida Política

Almeida Garrett viveu intensa vida política, foi eleito deputado em 1845. Em 1851 foi nomeado sucessivamente para a redação das instruções ao projeto de lei eleitoral e para a comissão de reforma da Academia de Ciências. Nesse mesmo ano recebeu o Título de Visconde.



Em 1852, foi eleito novamente deputado e por um curto período ocupou o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Almeida Garrett faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 9 de dezembro de 1854.



Fontes:
livros-digitais.com
ebiografia.com
google.com
mundoeducacao.uol.com.br
manuseado.pt

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