Esse é um blog sobre curiosidades de português, história e cultura de maneira geral.
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Hoje 25 de abri faz 48 anos fa Revolução dos Cravos em Portugal, que acabou com ditadura de Salazar.
Esse ano vamos acabar com a nossa ditadura fascista também.
Jorge Leal Amado de Faria, mais conhecido como Jorge Amado, um dos principais escritores em língua portuguesa.
Nasceu em na Fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna, Bahia, no dia 10 de agosto de 1912. Seus pais, João Amado de Faria e Eulália Leal Amado eram fazendeiros de cacau.
Em janeiro de 1914 mudou-se com a família para a cidade de Ilhéus, onde passou a infância. Com 11 foi estudar no Colégio Antônio Vieira, em Salvador, onde aprendeu o gosto pela leitura com o padre Cabral.
Aos 12 anos fugiu do internato e foi para Itaporanga, em Sergipe, onde morava seu avô. Depois de alguns meses, seu pai mandou busca-lo e sem desejar voltar para a escola, Jorge foi plantar cacau.
Depois de seis meses no meio do povo, tomou conhecimento da luta entre fazendeiros e exportadores de cacau, que iria marcar fortemente sua obra de romancista.
Em Salvador, ingressou no Ginásio Ipiranga, onde fez o curso secundário. Ligou-se à "Academia dos Rebeldes", um grupo de jovens, chefiado por Pinheiro Viegas, que tinha como objetivo a renovação literária.
Dirigiu dois jornais, “A Pátria” o jornal oficial, e “A Folha”, fundado por ele, que contestava o jornal A Pátria. Com 14 anos estreou na revista “A Luva”, com um poema de feições modernistas.
Seu primeiro livro é "O país do carnaval", pulicado em 1931, quando o escritor tinha 19 anos.
Ele começa o livro com uma explicação:
"Diante da grandiosidade da Natureza, o brasileiro pensou que isso aqui fosse um circo. E virou palhaço....
Este livro pretende contar a história de um homem que, tendo vivido na velha França muito tempo, voltou à pátria, disposto a encontrar o sentido de sua vida."
A narrativa começa no navio que traz de volta ao Brasil o jovem filho de fazendeiro Paulo Rigger, depois de sete anos em Paris, onde cursara direito e absorvera comportamentos e ideias modernas.
Nos primeiros dias que passa no Rio de Janeiro, Rigger tenta compreender um país onde já não se sente em casa, um país que tenta timidamente superar seu atraso oligárquico e ingressar na era industrial e urbana.
De volta a Salvador, ele participa de um grupo de poetas fracassados e jornalistas corruptos que giram em torno do cético Pedro Ticiano, cronista veterano. Todos se sentem insatisfeitos e buscam um sentido para a existência: no amor, no dinheiro, na política, na vida burguesa ou na religião. Nesse romance de geração, as dúvidas e angústias dos personagens espelham a situação do país, que naquele momento passava pela Revolução de 30 e procurava redefinir seus rumos.
O protagonista mantém uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, acredita que a festa popular mantém o povo alienado. Os exageros e a informalidade brasileira são motivo de espanto, apesar de a proximidade com o povo durante as festas nas ruas fazer com que ele se sinta verdadeiramente brasileiro. Aturdido pelas contradições, Rigger decide voltar para a Europa.
Mestiçagem e racismo, cultura popular e atuação política são alguns dos temas de Jorge Amado que aparecem aqui em estado embrionário. Brutalidade e celebração revelam-se, neste romance de juventude, linhas de força cruciais de uma literatura que se empenhou em caracterizar e decifrar o enigma brasileiro.
O País do Carnaval carrega uma sátira que vai se repetir e se tornar mais ácida em obras futuras, contudo traz uma história que beira o drama e passa longe do estilo que consagrou o autor. Um grupo de jovens “perdido” por Salvador em busca de respostas para questões tão filosóficas quanto complicadas. São poetas e jornalistas, homens que carregam a cultura que falta à massa do país que procura o caminho desenvolvimento. Um grupo que se reúne em torno da produção de um jornal, que segue conselhos de um consagrado, mas já pouco influente cronista, e que segue de bar em bar atrás de um sentido para tudo que os rodeia.
Fontes:
ebiografia.com
wikipedia.org
topleituras.com
skoob.com.br
joreamado.com.br
leitorcompulsivo.com.br
google.com
sexta-feira, 22 de abril de 2022
Artigo
Artigo é a classe de palavras que antecede o substantivo para determiná-lo de modo particular ou geral.
Há dois tipos de artigos:
Artigos definidos: o, os, a, as;
Artigos indefinidos: um, uns, uma, umas.
Os artigos definidos determinam um sujeito específico. Ou seja, são utilizados para especificar e particularizar algo para o leitor ou receptor da mensagem.
Exemplo de artigo definido: Eu conheci o professor de matemática ontem.
Neste caso, o interlocutor especifica que conheceu o professor de matemática, alguém que numa forma de definir exatamente quem é o professor especificando e particularizando a pessoa.
Já os artigos indefinidos abordam um sujeito de forma generalizada. São utilizados para apontar algo ou alguém que não é especificado no contexto de quem fala.
Exemplo de artigo indefinido: Eu conheci um professor de matemática ontem.
Neste caso, a pessoa não se preocupa em definir ou particularizar a pessoa que conheceu, por isso utilizou um artigo indefinido.
Exemplos de artigos definidos e indefinidos:
Eu encontrei o professor de geografia na escola - artigo definido no singular;
Eu encontrei um professor de geografia na escola - artigo indefinido no singular;
Falei com a menina da minha rua - artigo definido no singular;
Falei com as meninas da minha rua - artigo definido no plural;
Vou chamar os meninos para jogar bola amanhã - artigo definido no plural;
Vou chamar uns meninos para jogar bola amanhã - artigo indefinido no plural;
Chamei a babá para me ajudar - artigo definido no singular;
Conversei com a médica sobre o caso da minha filha - artigo definido no singular;
Conversei com umas médicas sobre o caso da minha filha - artigo indefinido no plural.
O emprego dos artigos
Substantiva uma palavra
Além de anteceder um substantivo, o artigo também pode substantivar uma palavra. Ou seja, se a palavra não é um substantivo, mas é colocado um artigo antes dela, automaticamente ela é transformada em um substantivo.
Exemplo: Entre o amar e o odiar, eu prefiro o primeiro.
Amar e odiar são verbos, não substantivos. Porém, o artigo definido “o” foi utilizado para anteceder os dois e, consequentemente, os substantivou.
Veja também substantivo.
Evidencia gênero e número
Os artigos também têm a função de ajudar a identificar o gênero (feminino e masculino) e o número (singular e plural) dentro de uma frase.
Exemplos: o dó; a alface; a cal; o ônibus; os ônibus; umas mulheres; a mulher.
Indica uma quantidade aproximada
Quando o locutor não tem precisão da quantidade de algo, ele utiliza artigos indefinidos para chegar o mais próximo possível da quantidade estimada.
Veja também singular e plural.
Exemplo: Isso aconteceu há uns 20 anos. Havia umas 200 pessoas na palestra.
Combina-se com preposições:
Quando um artigo é combinado com uma preposição, ele forma uma nova preposição. Veja os exemplos:
Preposição “em” + artigo “o” = no;
Preposição “a” + artigo “a” = à;
Preposição “de” + artigo “os” = dos;
Preposição “em” + artigo “uma” = numa.
Fontes:
google.com
significados.com.br
quinta-feira, 21 de abril de 2022
No dia 21 de abril de 1792 era enforcado no Rio de Janeiro, Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil e da Polícia Militar, além de ser herói nacional.
O dia de sua execução é feriado nacional no Brasil. Nascido na Fazenda do Pombal (MG), Tiradentes ficou órfão muito cedo, fato que resultou na perda do patrimônio da família por causa de dívidas e também em estudos irregulares. Ficou sob a tutela de um primo, que era dentista e, por conta disso, recebeu o apelido de Tiradentes. Também adquiriu conhecimentos em mineração, tornando-se técnico no reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos.
Em seu trabalho para o governo no reconhecimentos das terras, Tiradentes começou a confrontar as riquezas do solo, com a corrupção e a pobreza da população. Ele também trabalhou em projetos para a melhoria da infraestrutura no Rio de Janeiro, mas não conseguia verbas para todos os seus projetos. A partir daí começa a surgir em sua mente ideais de independência da colônia, já que na sua visão a metrópole Portugal emperrava o desenvolvimento do Brasil.
De volta a Minas Gerais, iniciou junto às elites locais e a líderes religiosos um movimento pela independência daquela província, inspirado também na independência das colônias dos EUA. Outro fator que motivou sua militância neste sentido foi a questão dos impostos cobrados pela coroa portuguesa, como o Quinto, taxa semestral imposta aos moradores de Minas Gerais, que consistia em cem arrobas de prata para a Real Fazenda. Também houve uma troca de poder na província, com a nomeação do governador Antônio Oliveira Meneses, que beneficiou seus amigos em detrimento da elite local. O estopim, contudo, foi o anúncio de uma cobrança que ficou conhecida como derrama, medida que permitia a cobrança forçada de impostos.
“Dou-vos parte com certeza [de] que se acham presos, no Rio de Janeiro, Joaquim Silvério [dos Reis] e o alferes Tiradentes para que vos sirva, ou se ponham em cautela; e quem não é capaz para as coisas, não se meta nelas; e mais vale morrer com honra que viver com desonra."
Esse bilhete foi escrito pela única mulher de quem se tem conhecimento que participou da Inconfidência Mineira; Hipólita Jacinta Teixeira Melo.
Hipólita nasceu em 1748 em Prados, interior de Minas. Educada, culta e de personalidade forte, casou-se com Francisco Antônio de Oliveira Lopes, companheiro do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Seu marido era membro ativo do grupo de Tiradentes (a afinidade entre os dois nasceu quando serviam no Regimento dos Dragões de Minas, em Vila Rica), e Hipólita tinha pleno conhecimento e apoiava o movimento. O que não existe, segundo seus biógrafos, é uma imagem da inconfidente.
Estava a armada a insurreição que iria lutar pela instituição da República. Contudo, antes que houvesse a revolução, no dia 15 de março de 1789, Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiro do Lago e Inácio Correia de Pamplona delataram o movimento em troca do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda. A partir daí, Tiradentes passou a ser procurado. Ele tentou se esconder na casa de um amigo, no Rio de Janeiro, mas foi descoberto no dia 10 de maio. Além dele, outros inconfidentes também foram presos. Ao longo de três anos, os inconfidentes aguardaram pelo andamento do seu processo pelo crime de "lesa-majestade". Alguns foram condenados à morte, mas tiveram seu pedido de clemência atendido por D. Maria I. Apenas a sentença de morte de Tiradentes foi mantida.
Alguns atribuem a isso o fato de Tiradentes ter assumido toda a responsabilidade pelo movimento e também, por outro lado, por ter uma posição social mais baixa em relação aos demais inconfidentes envolvidos. Em uma manhã de um sábado, após percorrer uma procissão no centro das ruas do Rio de Janeiro, Tiradentes foi enforcado. Contudo, a execução de Tiradentes, em vez de intimidar a população, acabou despertando ainda mais o sentimento de revolta em relação à dependência do Brasil como metrópole de Portugal.
Fontes:
history.uol.com.br
folha.uol.com.br
google.com
aventurasnahistoria.uol.com.br
terça-feira, 19 de abril de 2022
Todo dia era dia de índio Baby do Brasil
música de Jorge Benjor
Como dia a música de Jorge Benjor; "todo dia era dia de índio, hoje ele só tem o dia 19 de abril..."
No Brasil, o Dia do Índio foi instituído em 1943, através de decreto-lei por Getúlio Vargas, o então presidente que estava no poder no chamado Estado Novo. Vargas e seus ministros usaram o Congresso Indigenista Interamericano como guia para essa resolução.
Nessa data em 1940 foi realizado o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano.
Os índios sempre foram vistos co o mão de obra escrava e depois como estorvo para o desmatamento e usurpação de suas riquezas, além de ter suas terras ambicionadas para pecuária, agricultura e garimpo.
O governo brasileiro atual aumento e incentivou essas práticas.
A diversidade de sua cultura e sua língua nativa, fazem parte importante da cultura brasileira. No início do período colonial era falada no Brasil a "língua geral", uma mistura entre o tupi e o português de Portugal. Essa língua era falada por toda a população da Colônia Brasileira.
Em 1961 foi criado o Parque Nacional do Xingu, fruto do trabalho incansável dos irmãos Villas-Boas.
Outras reservas foram criadas, para que a sobrevivência das populações indígenas e sua cultura fossem preservadas, fato que sempre desagradou latifundiários e garimpeiros, que sempre ambicionaram as terras dos índios.
Amor de índio - Beto Guedes
Fontes:
wikipedia.org
google.com
youtube.com
mundoeducacao.uol.com.br
gcmais.com.br
brasilescola.uol.com.br
Hoje comemora-se o nascimento de um dos maiores poetas brasileiros, Manuel Bandeira.
Manuel Bandeira (Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho), professor, poeta, cronista, crítico e historiador literário, nasceu no Recife, PE, em 19 de abril de 1886, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de outubro de 1968.
Filho do engenheiro civil Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de Francelina Ribeiro de Sousa Bandeira. Transferiu-se aos dez anos para o Rio de Janeiro, onde cursou o secundário no Externato do Ginásio Nacional, hoje Colégio Pedro II, de 1897 a 1902, bacharelando-se em letras. Em 1903 matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo para fazer o curso de engenheiro-arquiteto. No ano seguinte abandonou os estudos por motivo de doença e fez estações de cura em Campanha, MG, Teresópolis e Petrópolis, RJ, e por fim Clavadel, Suíça, onde se demorou de junho de 1913 a outubro de 1914. Ali teve como companheiro de sanatório o poeta Paul Éluard. Sua vida poderia ter sido breve, face à tuberculose, mas viveu até os 82 anos, construindo uma das maiores obras poéticas da moderna literatura brasileira.
De volta ao Brasil, Manuel Bandeira iniciou a sua produção literária em periódicos. Em 1917, publicou A cinza das horas, onde reuniu poemas compostos durante a doença.
Primeiro livro de Manuel Bandeira, A Cinza das Horas, é marcado pelo tom fúnebre, e traz poemas parnasiano-simbolistas. São poesias compostas durante o período de sua doença. Do ano em que o poeta adoece até 1917, quando publica A Cinza das Horas, é que se daria a etapa decisiva e a inusitada gestação de um dos maiores escritores da língua portuguesa.
EPÍGRAFE
Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.
Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugia e como um furacão,
Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó -
Ah, que dor!
Magoado e só,
- Só! - meu coração ardeu:
Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Teresópolis, 1912.
Livro Cinza das Horas
Vambora - Adriana Calcanhoto
Em 1919 publicou o segundo livro de poemas, Carnaval. Enquanto o anterior evidenciava as raízes tradicionais de sua cultura e, formalmente, sugeria uma busca da simplicidade, esse segundo livro caracterizava-se por uma deliberada liberdade de composição rítmica. Ao lado de “sonetos que não passam de pastiches parnasianos”, segundo o próprio Bandeira, nele figura o famoso poema “Os sapos”, sátira ao Parnasianismo, que veio a ser declamado, três anos depois, durante a Semana de Arte Moderna, por Ronald de Carvalho. Antecipador de um novo espírito na poesia brasileira, Bandeira foi cognominado, por Mário de Andrade, de “São João Batista do Modernismo”.
O poema Os sapos é um clássico do escritor brasileiro Manuel Bandeira criado em 1918 e publicado em 1919 no livro Carnaval.
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
Por intermédio do amigo Ribeiro Couto, Manuel Bandeira conheceu os escritores paulistas que, em 1922, lançaram o movimento modernista. Não participou diretamente da Semana, mas colaborou na revista Klaxon e também na Revista de Antropofagia, Lanterna Verde, Terra Roxa e A Revista.
Manuel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius
Bandeira, Mário e Oswald de Andrade
Como crítico de arte, Manuel Bandeira revelou particular afeição pelas velhas igrejas coloniais da Bahia e de Minas Gerais, pela arte arquitetônica dos conventos e dos velhos casarões portugueses da Bahia e do Rio de Janeiro, e pelas formas singelas das mais humildes igrejas do interior.
Escreveu, Guia de Ouro Preto, uma abordagem em forma de guia de Vila Rica (Ouro Preto), com uma descrição minuciosa da localidade.
Como crítico de literatura e historiador literário, revelou-se sempre um humanista. Consagrou-se pelo estudo sobre as Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, pelo esboço biográfico Gonçalves Dias, além de ter organizado várias antologias de poetas brasileiros e publicado o estudo Apresentação da poesia brasileira (1946).
Tenho essa edição de Itinerário de Pasárgada
Em 1954, publicou o livro de memórias Itinerário de Pasárgada, onde, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre formas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as sutilezas da criação poética. Sua obra foi reunida nos dois volumes Poesia e prosa, José Aguilar, em 1958, contendo numerosos estudos críticos e biográficos.
Vou me embora pra Pasárgada
Terceiro ocupante da cadeira 24, foi eleito em 29 de agosto de 1940, na sucessão de Luís Guimarães, e recebido pelo acadêmico Ribeiro Couto em 30 de novembro de 1940. Recebeu os acadêmicos Peregrino Júnior e Afonso Arinos de Melo Franco.
Tive contato mais estreito com a obra de Manuel Bandeira no ano de 1977, no curso ministrado pelo Professor Doutor Davi Arrigucci Jr, que durante um semestre nos apresentou a obra do grande poeta.
“Boi morto” abre Opus 10, o penúltimo livro de poesias de Manuel Bandeira, publicado em 1952. O título do livro, aliás, evidencia o que Antonio Cândido e Gilda de Melo e Souza , que fizeram a introdução do livro "Estrela da vida inteira" chamaram de certa “mania musical” que percorre a produção de Bandeira (vários de seus poemas remetem diretamente, no título, a formas musicais: acalanto, canção, balada, cantiga, madrigal, rondó, noturno etc.2 ) e que é bastante recorrente nos textos reunidos no livro (aos quais, em carta a João Cabral, Bandeira se refere como “uns poemas, quase todos de circunstância, escritos depois da última edição das Completas” 3 ), especialmente em “Boi morto”.
José Lins do Rego, Carlos Drumond de Andrade, Cândido Portinari, José Olympio e Manuel Bandeira
Boi morto
Como em turvas águas de enchente,
Me sinto a meio submergido
Entre destroços do presente
Dividido, subdividido,
Onde rola, enorme, o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Árvores da paisagem calma,
Convosco – altas tão marginais!
Fica a alma, a atônita alma,
Atônita para jamais.
Que o corpo, esse vai com o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Boi morto, boi descomedido,
Boi espantosamente, boi
Morto, sem forma ou sentido
Ou significado. O que foi
Ninguém sabe. Agora é boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Realmente a sonoridade do poema é muito nítida, e nos faz pensar que tenha só faltado a melodia.
Em livro "Ritmo dissoluto de 1924 , onde se destaca uma das poesias mais bonitas de Manuel Bandeira, na minha opinião, Carinho Triste.
O poeta comenta o poema "Carinho triste": -- "O poema é de 1912 e a forma me foi sugerida por uns poemas de Guy Charles Cros, que li no Mercure de France, e outros do poeta inglês Mac Fiona Leod. Não o incluí na "Cinza das Horas" por... discrição".
Carinho triste
A tua boca ingênua e triste
E voluptuosa, que eu saberia fazer
Sorrir em meio dos pesares e chorar em meio das alegria,
É dele quando ele bem quer.
Os teus seios miraculosos,
Que amamentaram ser perder
O precário frescor da pubescência,
Teus seios, que são como os seios intactos das virgens,
São deles quando ele bem quer.
O teu claro ventre,
Onde como no ventre da terra ouço bater
O mistério de novas vidas e novos pensamentos,
Teu ventre, cujo contorno tem a pureza da linha do mar e céu
ao por do sol
É dele quando ele bem quer
Só não é dele a tua tristeza
Tristeza dos que perderam o gosto de viver
Dos que a vida traiu impiedosamente
Tristeza da criança que se deve afagar e acalentar
(A minha tristeza também!...)
Só não é dele a tua tristeza, ó minha grande amiga
Porque ele não quer.
Bandeira também era afeito a incluir advérbios como "profundamente, impiedosamente..." dando um sentido de importância e cadência ao verso quando os pronunciamos .
Profundamente
Manuel Bandeira
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
O poema, incluso no livro "Estrela da vida inteira" mostra através de um simples vocabulário, temas tão profundos, de forma criativa, simples (utiliza-se de fatos do cotidiano das pessoas daquela época na noite de São João) e saudosista; típicas características desse autor pernambucano que não só marcou a literatura local, como a do Brasil como um todo.
Assim, de repente posso confessar certo fraco pôr "Profundamente", "Noite Morta", "Evocação do Recife", "Poema tirado de uma noticia de jornal", "Poema de finados", "O último poema", "Cantiga", "Momento num café", "Maçã", "Canção da Parada do Lucas", "Canção do vento e da minha vida", "Canção de muitas Marias", "última canção do beco", "Piscina", "Eu vi uma rosa", "Brisa", "Temas e Voltas", o segundo "Belo Belo", disse o poeta.
O último poema
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Fontes:
passeiweb.com
academia.org.br
google.com recantodasletras.com.br abralic.org.br Estrela da vida inteira - José Olympio - 1976 (Gilda e Antonio Cândido. poesiaretratodaalma.blogspot.com culturagenial.com youtube.com elfikurten.com.br