quinta-feira, 7 de novembro de 2024







O índio potiguar Potiguaçu, ou Camarão Grande, nasceu em 1580, em uma aldeia na margem norte do rio Potengi, chamada Velha Igapó, segundo Tavares de Lyra, não obstante seu berço de nascimento ser disputado por outros estados, como o Ceará, Paraíba e Pernambuco. Tinha 19 anos quando os portugueses chegaram e fundaram a cidade do Natal, na margem oposta que os índios habitavam. Aquela época, os índios, amigos dos franceses, eram inimigos dos portugueses e atacaram muitas vezes os acampamentos brancos causando severos prejuízos e mortes, liderados pelo pai de Potiguaçu. Porém, os jesuítas organizaram rapidamente uma embaixada de paz que, em 1604, ofereceu a Potiguaçu, o novo líder potiguar, algo que ele estava muito interessado: educação.

Em troca da paz, Potiguaçu exigiu que os jesuítas ensinassem a ele tudo que eles sabiam. Aos 24 anos, ele aprendeu português - sabia ler e escrever - e aprendeu latim. O Frei Manuel Calado comenta que ele era um esmerado estudante, enfatizando a necessidade de uma gramática correta e uma perfeita pronúncia. Era tão crítico sobre si mesmo, “tão exagerado em suas coisas, que, quando fala com pessoas principais, o fazia por intérprete (posto que falava bem o português) dizendo que fazia isto porque, falando em português, podia cair em algum erro no pronunciar as palavras por ser índio". Além da educação mundana, Potiguaçu foi catequizado e em 1614, aos 34 anos, converteu-se ao cristianismo, junto a sua esposa Maíra, que batizaram-se, ele como Antônio e ela como Clara, e casaram-se na igreja de São Miguel do aldeamento Guajiru (atual município de Extremoz), seguindo o rito cristão. Antônio ainda teve a ideia de adotar o nome de Felipe, em homenagem ao rei de Espanha, que governava Portugal aquele período, devido a União Ibérica. Ali ele tornara-se Antônio Felipe Camarão (sendo o sobrenome por causa da tribo potiguar, “comedores de camarão”).


Felipe Camarão




Felipe nasceu na região da comunidade de Raposa, distrito do até então município de Extremoz, localidade pertencente ao atual município de Ceará-Mirim por força de sua emancipação política deste em 1858, localizada na Capitania do Rio Grande , atual estado do Rio Grande do Norte. Tinha, como nome de nascença, Poti ou Potiguaçu, nomes tupis que significam, respectivamente, "camarão" e "camarão grande". Ao ser batizado e convertido ao catolicismo em 1614, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação (Natal), recebeu o nome de Antônio e adotou o "Filipe Camarão" em homenagem ao soberano dom Filipe II (1598-1621).

No mesmo dia do batizado, casou-se com Clara Camarão que esteve presente ao lado dele em numerosas batalhas contra os holandeses e permaneceram juntos por toda a vida. Educado pelos jesuítas, sabia ler e escrever português e um pouco de latim.

Clara e Felipe Camarão



O litoral brasileiro foi invadido inúmeras vezes por navios estrangeiros que vinham contrabandear o pau-brasil e destruir as primeiras vilas estabelecidas pelos portugueses.

Em 1597, época em que Filipe Camarão era ainda menino, os franceses foram expulsos da capitania do Rio Grande por uma expedição comandada por Manuel Mascarenhas, que conquistou a foz do rio Potengi e deu início à construção da cidade de Natal e do forte dos Reis Magos.


Forte dos reis magos (Natal-RN)


Felipe Camarão participou de várias lutas contra as invasões francesas e holandesas no Brasil.


Sua atuação na “Guerra de Pernambuco” é celebrada por vários cronistas, mas em especial Domingos Loreto Couto, no seu Desagravos do Brasil e glórias de Pernambuco. Como explica Igor Fagundes, ele dedicou um capítulo inteiro ao índio, enfatizando sua bravura e sua fidelidade a coroa portuguesa.

Ele ainda participou, apesar de seus 68 anos, da maior rusga da guerra, a Batalha dos Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, 1648. Aqui o exército português enfrentou o batavo no monte Guararapes. Os holandeses tinha como objetivo reconquistar o Porto de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho, que abastecia o Arraial do Bom Jesus, sede da resistência, de armas e suprimentos. Porém, percebendo a movimentação inimiga, o exército rebelde se posicionou no meio do caminho dos holandeses, tendo três destacamentos, o português, no centro, em cima do monte; as tropas de negros de Henrique Dias à esquerda; e as tropas de Camarão à direita, entre o monte e o mangue. O plano era empurrar os soldados holandeses para o mangue, aonde suas botas, casacas e armas pesadas se tornariam obstáculos a sua movimentação que os índios potiguaras não teriam. Foi um massacre! Os índios afogaram os holandeses, ou rasgaram seus pescoços cobrindo a lama de sangue!








Em 1614, o índio potiguar acompanhou o capitão Jerônimo de Albuquerque Maranhão na reconquista da capitania do Maranhão, onde os franceses haviam fundado a cidade de São Luís.

Felipe Camarão reuniu 200 dos seus melhores guerreiros que se juntaram aos 300 portugueses. Jerônimo de Albuquerque e seus comandados estabeleceram-se na baía de São Marcos, em frente a São Luís e logo fundaram o arraial de Santa Maria, em Guaxenduba, onde aguardaram o ataque dos franceses.

O ataque aconteceu em 19 de novembro de 1614. Mesmo com menor número de homens, a tropa de índios e portugueses saiu vitoriosa. Após a expulsão dos franceses da “França Equinocial”, iniciou-se a reconstrução de São Luís.


Filipe Camarão e a reconquista da Bahia



A notícia de que a Companhia das Índias Ocidentais estava preparando na Holanda uma poderosa esquadra para atacar a Bahia, sede do Governo Geral, chegou ao Brasil bem antes de se realizar a invasão.

O governador, Diogo de Mendonça Furtado organizou uma resistência, porém a esquadra invasora só chegou em 9 de maio de 1624 encontrando a defesa desarmada e logo conquistou Salvador.



Antônio Filipe Camarão faleceu em Goiana, Pernambuco, no dia 24 de agosto de 1649. Seus restos mortais encontram-se na Imperial Igreja Nossa Senhora do Rosário, no bairro da Várzea.

Em 1955, a sede da Prefeitura de Natal, Rio Grande do Norte, recebeu o nome de “Palácio Filipe Camarão”, em homenagem ao índio que lutou em defesa das terras brasileiras.

Felipe Camarão, hoje dá nome à ruas e avenidas pelo Brasil, mostrando a sua importância para a História Brasileira.


Fontes:

wikipedia.org
google.com
ebiografia.com
nataldasantigas.com.br
diniznumismatica.com

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