quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

O profano e o sagrado

Quando o assunto é religião, de imediato vem à memória a expressão própria do senso comum: “religião não se discute, cada um tem a sua”. Na verdade, é muito saudável e necessário discutirmos sobre a religião, até mesmo para entender que existem diferentes formas de expressão religiosa, que a religião está presente em todas as culturas desde os primeiros grupos humano, e que o respeito à fé e às crenças alheias é necessário para um bom convívio social. Afinal, seja pela visão aristotélica do homem como “animal político” ou sartreana de “condenados à liberdade”, vivemos em sociedade com nossas diferentes escolhas, em que até mesmo não escolher já é uma escolha.




Mircea Eliade, estudioso da religião, afirma que o universo religioso sempre envolve a noção de sagrado e de profano e a experiência religiosa acontece através do símbolo, do rito e do mito. Sagrado é todo aquele espaço, objeto, símbolo, que tem um significado especial para uma pessoa ou grupo. Profano é tudo que não é sagrado, toda a vida comum do dia a dia, os fatos e atos da rotina. Contudo, a diferença entre profano e sagrado só acontece na experiência individual e dos grupos, ou seja, aquilo que é profano ou comum para uns, pode ser sagrado para outros, dependendo de sua experiência religiosa. Enquanto para uns a pedra é uma pedra, para outros ela é objeto de culto, assim como um lugar para uns é comum ou profano, para outros é sagrado.






O mundo profano “dessacralizado” é algo muito recente na história das civilizações, haja vista que nas sociedades pré-modernas, o sagrado equivale ao poder. Diferente do homem moderno, para o homem “primitivo” um ato nunca é apenas fisiológico ou social. Constitui, antes de tudo, algo que é – ou pode vir a ser – sacramentado. O homem das sociedades tradicionais é o homo religiosus. Porém, seu comportamento se enquadra na esfera de comportamento geral do homem e pode ser estudado pelas mais diversas abordagens – sejam elas, antropológicas, filosóficas, fenomenológicas, psicológicas, históricas, sociológicas ou etnológicas. Uma das formas de compreender a manifestação do sagrado seria considerar que ela se exprime sempre como uma realidade integralmente diferente das ditas realidades naturais. No entanto, para Mircea Eliade (1992), a complexidade do fenômeno do sagrado não está meramente relacionada a seus caracteres irracionais. No intuito de apreender sua totalidade, propõe, assim, uma primeira definição: o sagrado se opõe ao profano. É a partir dessa oposição que o homem toma conhecimento do sagrado. Para Eliade (1992), as hierofanias – a saber, as manifestações das realidades sagradas – podem ser elementares, como a sacralização de coisas e objetos, ou supremas, no caso a sacralização de indivíduos. Tais situações implicariam, pois, na manifestação de um elemento ou característica de “ordem superior” em componentes do mundo “natural”, “profano”. Através da hierofania, a realidade imediata é transmutada em uma realidade sobrenatural.

Os seres humanos, além da necessidade de encontrar respostas, têm uma necessidade muito maior de encontrar significados nas suas vidas; por isso precisam acreditar numa sequência da vida pós morte. O medo e o desconhecimento fazem com que as pessoas procurem figuras profanas, ritos e misticismos para saciarem suas dúvidas e incógnitas.

Com isso surgiram as várias religiões e crenças pelo mundo. Todas se valendo desse medo e dessa ignorância para enriquecerem.


Fontes:

felix91,+Roni+Tomazelli.pdf
seculodiario.com.br
google.com
wikipedia.org

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