sexta-feira, 31 de outubro de 2025

 








Todos já vimos a pintura acima, é uma criação do pintor Victor Meirelles realizada entre 1859 e 1861 em Paris, baseada na carta de Pedro Vaz de Caminha, e representa a primeira missa no Brasil, feita por Frei Henrique de Coimbra em 26 de abril de 1500.

A realização da missa foi uma forma, de certo modo, arrogante dos europeus, que achavam que estavam lidando com um bando de incultos e pagãos, alheios a quaisquer tipo de civilização ou cultura.

Ao contrário, a população nativa no Brasil era estruturada em sociedades, onde o cacique era o líder, assim como o pajé atuava como curandeiro e mentor espiritual. Viviam em comunidades, feitas de ocas, onde todos produziam, ou caçando ou preparando os alimentos que era divididos pela sociedade.




Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se aprestassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou naquele ilhéu armar um esperável, e dentro dele um altar mui bem corregido. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.



Ali era com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saiu de Belém, a qual esteve sempre levantada, da parte do Evangelho.





Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos, o que foi muito a propósito e fez muita devoção.

Enquanto estivemos à missa e à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos como a de ontem, com seus arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço

(Carta de Pero Vaz de Caminha)



A primeira missa no Brasil ocorreu em Porto Seguro, uma região situada no estado da Bahia. Porto Seguro é conhecido por suas praias paradisíacas e sua importância histórica. O local exato da missa foi na praia da Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia.

A celebração da primeira missa no Brasil foi um ato simbólico que representou a chegada do catolicismo ao novo continente. Frei Henrique de Coimbra, um frade franciscano que acompanhava a expedição de Cabral, foi o responsável por conduzir a cerimônia. Nesse momento, os portugueses estavam em meio às celebrações da Páscoa, o que acrescentou um significado especial à missa inaugural.

A celebração da missa em terras brasileiras também teve o propósito de oficializar a posse da terra pelos portugueses em nome da Coroa e estabelecer a presença da Igreja Católica no novo território. Esse evento foi um prelúdio para a colonização e a cristianização que se seguiriam nos séculos subsequentes.

Alguns nativos assistiram a missa curiosos dos rituais dos portugueses, de se ajoelharem diante da cruz, de beija-la e de todos as referências e rituais litúrgicos.

Foi uma forma, também, dos portugueses iniciarem a catequização dos nativos, com o intuito de conseguir sua colaboração no descobrimento de ouro e pedra preciosas.

A celebração da primeira missa marcou o início de uma forte influência da Igreja Católica na história e na sociedade brasileira. A Igreja desempenhou um papel crucial na colonização, na educação e na formação cultural do país, deixando um legado que perdura até os dias atuais.


Fontes:

wikipedia.org
google.com
file:///C:/Users/luizc/Downloads/admin,+A+PRIMEIRA+MISSA+NO+BRASIL+EM+DOIS+TEMPOS.pdf
rasilescola.uol.com.br


quinta-feira, 30 de outubro de 2025



Por que a gripe espanhola matou tanta gente no Brasil ?


A gripe espanhola foi uma doença provocada por uma mutação do vírus da gripe que levou à morte de mais de 50 milhões de pessoas, afetando toda a população mundial entre os anos de 1918 e 1920, durante a primeira guerra mundial.


A origem é desconhecida, mas o que se sabe é que os primeiros registros foram nos Estados Unidos, ainda durante a guerra. O novo subtipo do vírus Influenza chegou à Europa meses depois. Mas foi o governo da Espanha que notou que estava diante de uma doença grave, daí seu nome.


A primeira onda de casos ocorreu de março a maio de 1918. Foi apenas em agosto que a gripe espanhola começou a assustar. Mais virulenta, atingiu seu auge entre setembro e novembro, outono no Hemisfério Norte.






Além da Europa e dos Estados Unidos, o vírus circulou na Índia, Sudeste Asiático, Japão, China, África, Américas Central e do Sul. Estima-se hoje que a pandemia afetou, direta ou indiretamente cerca de 50% da população mundial, tendo matado de 20 a 40 milhões de pessoas – mais do que a própria Primeira Guerra (cerca de 15 milhões de vítimas) –, o que levou à classificação de maior pandemia de todos os tempos.


Foi nessa segunda onda que a doença chegou ao Brasil. Militares da Marinha, que estiveram em missão na África durante a guerra, retornaram em setembro. Pelo menos 100 marinheiros morreram na época.


O terror ocorreu em 1918, quando a gripe espanhola invadiu o Brasil. A violenta mutação do vírus da gripe veio a bordo do navio Demerara, procedente da Europa. Em setembro desse ano, sem saber que trazia o vírus, o transatlântico desembarcou passageiros infectados no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro.


No mesmo mês, navios que atracaram em estados da Região Nordeste ajudaram a disseminar ainda mais a doença, que alcançou a Região Norte, que registrou os primeiros casos em novembro. O vírus também chegou a São Paulo e à capital brasileira na época, o Rio de Janeiro.






A cidade do Rio de Janeiro contava com uma população de 910.710 habitantes no mês de setembro de 1918, sendo 697.543 na zona urbana e 213.167 nos subúrbios e na zona rural. Nesse período, apenas 48 pessoas morreram de gripe. No decorrer da epidemia, a cifra elevou-se a níveis nunca vistos, sendo que apenas no dia 22 de outubro de 1918 foram computados 930 óbitos de gripe em um total de 1.073 óbitos (Fontenelle, 1919). Ou seja, ocorreu um aumento na taxa de mortalidade no decorrer do evento de quase 2.000%.






A espanhola fez fenecer no Rio de Janeiro algo em torno de 15 mil pessoas, levando para o leito, segundo as fontes, seiscentos mil cariocas – ou seja, cerca de 66% da população local










O medo acabou criando um isolamento forçado de toda a população, já que o governo demorou a enfrentar o avanço da pandemia. Pelo menos 30 mil morreram em decorrência de gripe espanhola no Brasil. Só o Rio de Janeiro teve 12 mil óbitos em dois meses.


Mais uma vez vimos que a demora de ações governamentais causaram milhares de mortes.


Porto Alegre, na época com cerca de 140 mil habitantes, teve que construir um cemitério para enterrar seus 1.316 mortos. Em outubro, o governo federal finalmente reconheceu que teria dificuldades para diminuir o número de casos.


O presidente da República à época, Venceslau Brás, convocou o médico sanitarista Carlos Chagas para liderar a força-tarefa de combate à gripe espanhola na capital federal. A doença atingiu todas as classes sociais, sem distinção também de idade.


Uma das vítimas mais ilustres foi o presidente eleito Rodrigues Alves, que conquistou mais um mandato no fim de 1918. Morreu em 15 de janeiro de 1919, alçando o vice-presidente eleito Delfim Moreira ao cargo máximo do País.









Os parlamentares apresentam uma série de projetos de lei com o objetivo de, em diferentes frentes, combater a doença e amenizar seus efeitos. Uma das propostas determina a aprovação automática de todos os estudantes brasileiros, sem a necessidade dos exames finais.









Como 1918 já está chegando ao fim, o presidente interino Delfim Moreira acha mais prudente não esperar as votações do Senado e da Câmara e baixa em dezembro um decreto batendo o martelo de uma vez: aluno nenhum repetirá o ano letivo.








Essa pandemia acendeu um alerta para as autoridades de saúde. Não havia na época sistemas públicos de saúde nem campanhas de vacinação em massa contra a gripe, que vieram a ser implantadas nas décadas seguintes. As medidas hoje tomadas para combater a Covid-19 são um dos efeitos mais duradouros da gripe espanhola.








Do mesmo modo abrupto com que chega ao Brasil, a gripe espanhola desaparece repentinamente. Em dezembro, já são raros os contágios. Foram tantas as pessoas infectadas entre setembro e novembro que o vírus praticamente não tem mais a quem atacar.








Enfim terminado o filme de terror, os cariocas usam o Carnaval de 1919 como forma de exorcizar o fantasma da gripe espanhola. O Rio assiste, nos bailes e nos blocos de rua, àquela que talvez seja a folia mais desenfreada de que se tem notícia na cidade. Das marchinhas aos carros alegóricos, o tema da festa é um só: o “chá da meia-noite” — que não bota medo em mais ninguém.






Fontes:
tuasaude.com
correiodoestado.com.br
scielo.br
pfarma.com.br
google.com

quarta-feira, 29 de outubro de 2025



Vamos falar hoje do romance 1919do escritor norte-americano John dos Passos.







Escritor modernista norte-americano, John Roderigo Dos Passos nasceu em 1896, em Chicago. Oriundo de uma família de origem portuguesa, era fruto de uma relação ilegítima entre o seu pai, o advogado John Randolph Dos Passos, e Lucy Sprigg.




John dos Passos




Estudou na Choate School (atualmente Choate Rosemary Hall) em Wallington, Connecticut em 1907, tendo viajado posteriormente com um professor particular numa viagem de 6 meses pela França, Inglaterra, Itália, Grécia e Médio Oriente para estudar arte clássica, arquitetura e literatura.








Licenciou-se em Harvard em 1916, partindo depois para Espanha para estudar arte e arquitetura. Em 1917 voluntariou-se para se juntar às tropas americanas durante a Primeira Guerra Primeira Guerra Mundial, ao lado dos amigos E.E.Cummings e Robert Hillyer, como condutor de ambulâncias. Regressando aos Estados Unidos, publicou a sua primeira obra, One Man's Initiation, em 1919. Com Manhattan Transfer (1925), romance que retrata em episódios a vida na cidade de Nova Iorque, obteve o reconhecimento da crítica. Publicou ainda a trilogia U.S.A., incluindo The 42nd Parallel (1930), 1919 (1932) e The Big Money (1936).


Vamos tratar aqui do livro 1919, segundo livro da Trilogia USA, mantém a lógica de John dos Passos de reconstruir a história recente norte-americana, nesta obra ao longo dos anos de 1910 (Paralelo 42 focaria especialmente nos anos de 1900). Como o próprio período abrangido sugere, o cenário da 1ª Guerra Mundial é o pano de fundo para todo o desenrolar da narrativa.


Da mesma maneira que em Paralelo 42, 1919 não tem um personagem principal, mas sim uma narrativa que se baseia na história de 5 personagens, um narrador em primeira pessoa e recortes de jornais e notícias da época. O que pode parecer uma confusão, é um enriquecedor de toda a trama, que nos transporta diretamente para o local-tempo do que foi os Estados Unidos na década de 1910. Os personagens, sendo a maior parte deles relacionados com os que já aparecerem em Paralelo 42 como coadjuvantes - irmãos, amigos - são todos de alguma maneira relacionados a Guerra, seja como voluntários, como membros da Cruz Vermelha ou apenas como Revolucionários/Socialistas contrários a guerra (em um sentido, muito próximos a narrativa de Philip Roth em "A Pastoral Americana").







Os ricos estavam ficando mais ricos, os pobres estavam ficando mais pobres, pequenos fazendeiros estavam sendo expulsos. Os trabalhadores trabalhavam até doze horas por dia, o lucro ia para os ricos; a lei era para os ricos, a policia para os pobres




O primeiro desses personagens é Joe Williams antigo marujo que vivia num mundo decadente com reminiscências dos tempos de glória.



"Quando penso na bandeira que os nossos navios arvoram, a única pincelada de cor, a única coisa que se move, como que possuída por um espírito naquela sólida estrutura, parece-me avistar tiras de pergaminho nas quais estão escritos os direitos de liberdade e de justiça, alternada com faixas de sangue derramado na defesa desses direitos, e depois - no canto - uma previsão de sereno mar azul onde pode navegar toda a nação que combater por tais coisas." (1919 - p.8)

Segundo volume da trilogia USA, de John Dos Passos, 1919 foi originalmente publicado em 1932 e centra-se na Primeira Guerra Mundial, o conflito que enterrou as esperanças de bem-estar e progresso do advento do novo século. Se em Paralelo 42 o personagem dominante era J. Ward Moorehouse, o pai do ofício de relações-públicas, em 1919 é o presidente Woodrow Wilson, entusiasta da beligerância, quem fornece a motivação da narrativa.

Utilizando os mesmos recursos técnicos empregados no primeiro romance da trilogia — "o olho da câmera" e "jornal da tela", por meio dos quais desfilam informações sobre personalidades, a sociedade americana e o mundo —, Dos Passos apresenta o confronto entre o idealismo oficial e popular e o "hedonismo histérico", nas palavras do crítico Alfred Kazin, de jovens cavalheiros que veem a guerra pela porta dos fundos: são os que se divertem no serviço de ambulâncias. Diz Ed Schyler, um deles: "Isso não é guerra: é um prostíbulo".


Assim, personagens históricos e fictícios, como o andarilho Joe Williams, irmão de Janey, secretária de Moorehouse, cruzam-se para formar o painel desses anos de farsa, compondo, como definiu o próprio John Dos Passos, uma "crônica contemporânea".


Dos Passos, que foi um adepto do Socialismo no início de sua vida (tendo sofrido uma drástica mudança ideológica após a Guerra Civil Espanhola) nos traz um panorama completamente inovador de movimentos subversivos norte-americanos, com agremiações sindicais-socialistas tentando promover diversas modificações nas bases estadounidenses. Em um dos personagens, inclusive, traz o impacto da Revolução Soviética e a expectativa que o mesmo se alastrasse para todo Ocidente - EUA inclusive.




Misturando ficção com fatos históricos, 1919 apresenta os reflexos dos movimentos que alteraram a paisagem sociopolítica dos Estados Unidos no começo do século XX: o modo como os socialistas comemoraram a vitória da Revolução Russa (1917), a repressão da polícia, como o presidente Woodrow Wilson criticava a esquerda norte-americana que adotava a política de não participação na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a consequente marginalização dessa mesma esquerda na sociedade. Segundo livro da trilogia USA, 1919 dá continuidade à composição do painel político e social dos EUA, iniciado em Paralelo 42 e que se completa com O Grande Capital. Uma época de grande ebulição, marcada por guerras e revoluções e pelas oportunidades que se criavam. Neste livro, é possível acompanhar o desenvolvimento de muitos personagens que estavam em Paralelo 42, bem como conhecer novos atores. Por meio deles, John dos Passos mostra a repercussão da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa na vida norte-americana. Admirado desde sua publicação em 1932, pelas inovações literárias que apresenta, 1919 é também um romance que carrega muitas das crenças dos anos de depressão que se seguiram.


Desde 1980 existe o Prêmio John dos Passos, conferido pela Universidade de Longwood, atribuído anualmente ao melhor, ainda pouco reconhecido, escritor norte-americano.








Fontes:
wikipedia.org
travessa.com.br
livelo.com.br
google.com
megaleitores.com.br
Dos Passos, John - 1919 tradução Daniel Gonçalves - 1980 - Ed. Abril

terça-feira, 28 de outubro de 2025



Na América do Norte, como no Brasil, no período que se estende da metade do século XIX às três primeiras décadas do século XX, recebeu milhões de imigrantes europeus, que chegaram de suas terras praticamente sem nada para trabalhar nas indústrias, sendo parte de um grande processo de industrialização, expansão e consolidação do sistema Capitalista.









Ao aportarem nos Estados Unidos, os imigrantes italianos traziam a ambição de conquistarem a América, fazer fortuna e retornar à sua pátria.


Porém, o estilo de vida americano, vendido nos cartazes divulgados na Europa (na verdade em busca de mão de obra barata), não condizia com as reais condições a que os imigrantes eram submetidos.


Na América, os italianos sofreram grande discriminação, tendo que viver em aglomerados, observados como forasteiros aos olhos da sociedade americana.


Se por um lado os italianos trouxeram pouco, ou quase nada, em contrapartida, chegaram à América com uma imensa bagagem de ideias oriundas de um longo processo das relações conflituosas entre capital e trabalho, que se iniciara há mais de 100 anos na Europa.


Em contraponto ao capitalismo selvagem onde as relações entre capital e trabalho eram infinitamente conflitantes e desigual surgiram diversos movimentos sindicalistas nos EUA.




O medo do socialismo, como acontecera na Revolução Bolchevique, na Rússia (1917), fez com que a vigilância e repressão aumentassem em diversos pontos do globo. Movimentos como o anarquismo e o socialismo, que propunham um sistema diferente do modo de vida e estruturação social do Capitalismo, eram reprimidos com violência.





Sacco e Vanzetti


Mas quem eram estes dois italianos? Sacco era filho de camponeses pobres italianos, emigrou para a “América” em 1908, aos 17 anos. Viveu períodos de grandes dificuldades (chegando a passar fome, desemprego e muita miséria), trabalhou em diversas fábricas, como em uma de sapatos na qual conheceu sua companheira, com quem teve seus dois filhos. Sacco chegou a participar da Federação Socialista Italiana, mas logo se envolveu com a prática sindicalista revolucionária e anarquista.


Bartolomeu Vanzetti, por sua vez, quando jovem, teve um envolvimento com ideias religiosas e humanistas. No entanto, gostava muito de estudar e logo se desligou de qualquer instituição religiosa. Emigrou para os Estados Unidos aos 20 anos, fato que levou a uma profunda transformação em sua vida. Segundo Vanzetti, na América viu “todas as brutalidades da vida, todas as injustiças e as depravações em que se debate tragicamente a humanidade”. E decidiu dedicar-se física e intelectualmente, chegando a estudar importantes teóricos de sua época como Bakunin, Marx, Kropotkin, Gorki, Mazzini, Tolstoi, Leopardi, Darwin, dentre outros. Leu grande parte destas obras nas madrugadas, após longas jornadas de trabalho na fábrica, debruçado sobre um livro à luz de velas. Vanzetti se tornou um convicto anarquista e importante liderança no movimento operário.






Tanto o sapateiro Ferdinando "Nicola" Sacco como o vendedor ambulante Bartolomeo Vanzetti haviam emigrado da Itália para os Estados Unidos em 1908, e se engajavam politicamente, dizendo-se anarquistas. Sua prisão aconteceu numa época em que os sindicatos ganhavam cada vez mais força nos Estados Unidos, na batalha contra a exploração dos trabalhadores. Governo e opinião pública viam nisso uma tentativa de revolução comunista.








A classe média – insuflada pela grande burguesia – temia pela sua situação privilegiada. Sentia-se ameaçada pela massa de imigrantes provinda da Europa. Eram espanhóis, portugueses e, especialmente, italianos. Além de sua fisionomia e língua latinas, traziam estranhas ideias que colocavam em risco a ordem e o modo de vida norte-americano: o anarquismo e o socialismo.




Depois de sangrentos conflitos entre grupos de imigrantes russos, chegaram a ser enviadas tropas a Boston para controlar o que se suspeitava serem "os primeiros passos dos bolcheviques na conquista dos Estados Unidos". Dois rapazes de origem italiana acabaram sendo vítimas desse estado de ânimos.



O assalto a uma fábrica de sapatos de Massachusetts, em 15 de abril de 1920, com a morte de dois homens, levou à prisão dos dois imigrantes italianos. Embora sempre tenham jurado inocência, em julho de 1921, os jurados os declararam culpados. A sentença de morte baseou-se apenas em provas circunstanciais, num processo muito questionável. As testemunhas da defesa nunca chegaram a ser ouvidas. A condenação à morte de Sacco e Vanzetti provocou uma onda de protestos e consternação em todo o mundo.



Repercussão internacional








Tudo indicava que os dois acusados haviam sido vítimas de um julgamento precipitado e privados de processo justo, devido a suas convicções políticas. A embaixada norte-americana em Paris recebeu ameaça de atentado, a representação em Havana teve que pedir reforço policial e uma bomba explodiu na casa do governador de Massachusetts.






Vanzetti e Sacco






Os vários pedidos de revisão provocaram o adiamento da execução da sentença diversas vezes. Em carta ao governador do Estado, insistiram, em vão, em sua inocência . Não pediram por clemência, pois isso equivaleria a reconhecer a autoria do crime. Mas, com os recursos esgotados, no dia 23 de agosto de 1927 eles foram mortos na cadeira elétrica: Vanzetti contava 39 anos, Sacco, 36.








Sacco e Vanzetti 1971

Trailer do filme







A história desses dois anarquistas italianos foi levada ao cinema em 1971, porém devido a censura, no Brasil o filme só foi exibido em 1980. O filme foi dirigido por Giuliano Montaldo com Riccardo Cucciola como Nicola Sacco e Gian Maria Volunté como Bartolomeu Vanzetti. Triloha sonora de Ennio Moricone





Fontes:

brasil247.com
justificando.com
dw.com/pt-br
wikipedia.org
google.com
youtube.com

segunda-feira, 27 de outubro de 2025



Vamos falar da obra do escritor norte-americano John Steinbeck, as Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath).










Steinbeck nasceu em Salina, Califórnia em 27 de fevereiro de 1902 e morreu em Nova York em 20 de dezembro de 1968.





Steinbeck


Capítulo I






"As últimas chuvas lavaram suavemente as terras vermelhas e parte das terras pardas de Oklahoma, não conseguindo amolecer lhes a crosta petrificada. Os arados traçavam sulcos sobre sulcos nas terras revolutas."




Durante a grande depressão de 1929, uma família se vê envolta em dívidas e cobranças pelos bancos, sendo forçada a abandonar suas terras em Oklahoma indo para Califórnia em busca de novas oportunidades.


Steinbeck exalta no romance a dignidade humana e a justiça social, longe de ser um livro ideológico, ele foi atacado, censurado e queimado publicamente, taxado de livro comunista, ele trata muito mais do Humanismo.












As Vinhas da Ira” começa com Tom Joad, o personagem principal, pedindo uma carona para casa após ter sido libertado da prisão estadual. O motivo da prisão foi um assassinato em decorrência de uma briga em um bar, por autodefesa. Por essa razão, recebeu a pena de sete anos.


Ele pega uma carona que o deixa na estrada que levava à sua casa. Tom caminha em direção à sua casa quando ele encontra com um homem chamado Jim Casy, um antigo pregador que havia perdido a ligação com a Igreja. Jim acaba se juntando a Tom Joad no caminho para sua casa. Quando eles chegam à casa, eles têm a impressão que estão no deserto. A antiga casa estava simplesmente desaparecendo, abandonada. Até que eles encontram Muley Graves, um vizinho da família que informa que os familiares de Tom estão na casa do tio John.








Acabam dormindo na antiga casa de seus pais, agora abandonada. No dia seguinte pela manhã, caminham até a casa do tio John. Quando eles chegam à casa, percebem que todos estão preparados para sair. A família explica a Tom que os bancos e as grandes empresas fecharam todas as fazendas e a maioria dos agricultores está indo em direção à Califórnia na esperança de encontrar trabalho. A família vendeu todos os seus pertences e obtiveram alguns dólares, o suficiente para fazer uma viagem longa. Jim Casy, o ex-pastor, acaba se juntando.


Quando tudo está pronto, um pequeno incidente ocorre. O avô Joad tem um ataque de pânico, e a família precisa drogá-lo para acalmá-lo e seguir viagem com todos. Logo no início da jornada, por causa de um acidente vascular cerebral, o avô acaba morrendo. Encontram uma família chamada Wilsons e os ajudam consertando o carro quebrado. Os Joads e os Wilsons viajam para a Califórnia juntos. Quando chegam ao destino, a senhora Wilson fica doente e precisam parar a viagem.




Os Joads ajudam a família Wilsons e seguem viagem. A próxima perda nessa viagem é a avó, que, muito em função da morte de seu marido, fica cada vez mais doente. Sua filha acaba assumindo sua avó Joad. O motivo é mais do que óbvio: se eles parassem no deserto, as chances de sobreviver seriam zero. Mesmo doente, a avó prosseguiu a viagem. E acabou morrendo. Quando eles chegaram a uma estação, a avó já estava morta, e acabam enterrando-a como indigente na estrada, porque o dinheiro já está no fim.






Finalmente, eles chegam a um acampamento de migrantes. Nenhum homem consegue encontrar trabalho. Para completar o desespero, um homem com uma limusine chama os trabalhadores para trabalhar, mas o convite não fala em preço da mão de obra. Um clima pesado começa a atingir a todos. Ninguém aceita o convite. Como vingança, o xerife da cidade ordena que todos saiam do acampamento naquele momento. E vou parando por aqui.




Posso dizer que esse romance é tão importante que o protagonista virou música: “The Ghost of Tom Joad”, de Bruce Springsteen. Essa música, de grande sucesso, dá uma ideia bastante clara da influência que o livro exerceu nos corações e mentes dos artistas, escritores, e leitores americanos até hoje.




The ghost of Tom Joad - Bruce Springsteen







O enredo do romance de Steinbeck, “As Vinhas da Ira”, facilmente pode ser relacionado com muitas referências bíblicas, principalmente do Velho Testamento, pois algumas passagens têm relação com a história da Bíblia, o que dá ao livro um estilo diferente e original. “As Vinhas da Ira” menciona a tempestade de poeira ocorrida em 1900 e a árdua jornada da família Joad e de muitas outras em direção à Califórnia, o que podemos relacionar com a travessia do deserto pelos judeus, narrada na Bíblia. Steinbeck usa a poeira como uma alusão ao deserto do Egito e ao povo judeu que seguiu Moisés.


Os meus olhos viram a glória da vinda do Senhor:


Ele está pisando fora da safra, onde as vinhas da ira são armazenadas;


Ele Deus desferiu o relâmpago fatídico da Sua terrível espada rápida:
A Sua verdade está em marcha. (Apocalipse 14:19-20)




Dust Bowl significa tempestade de areia, um fenômeno climático que atingiu a América, e Oklahoma em particular, na década de 1930 e durou quase dez anos. Essas tempestades causaram graves problemas à atividade agrícola.















No livro, Steinbeck usa o caminhão para representar a arca, enquanto a família representa os animais. A segunda referência à arca de Noé é revelada no final da novela, com as chuvas que caem, que representam o dilúvio.


Capítulo XVIII


" A Califórnia já pertenceu ao México, e suas terras aos mexicanos; e uma horda de americanos esfarrapados e loucos assaltou-a. E tal era sua fome de terra que eles essas terras, roubaram as terras dos Guerrero, dos Sutter¹ e tomaram e rasgaram os respectivos documentos de posse e brigaram um com o outro sobre a presa, esses homens esfomeados, raivosos; e guardaram de armas na mão as terras que tinham roubado.'' (¹ Fort Sutter)


A tomada do vasto território da Califórnia pelos EUA, deu-se pela guerra e pelo incentivo de ocupação do governo norte-americano para que colonos invadissem terras mexicanas.


No livro '' This land was Mexican once " de Linda Heindenreich, ela aponta a tomada da Califórnia.




A mudança dos Joads de Oklahoma para a Califórnia é uma outra alusão. Steinbeck descreve como os Joads viajam na rota 66, sendo seguido por muitos outros agricultores procurando a terra fértil que a Califórnia tinha para oferecer. Isso se refere ao povo judeu movendo-se fora do Egito para a terra prometida na Bíblia. Os judeus estavam sofrendo opressão e escravidão no Egito, então eles fugiram para encontrar uma vida melhor e liberdade. Essa alusão também infere que os Joads eram escravos de suas terras inapropriadas para o cultivo devido à poeira causada pela poeira, e agora eles são livres.


A Califórnia já havia recebido, chineses, filipinos e mexicanos, erra tida como a terra da oportunidade, mas não para àqueles que não eram estadunidenses de verdade.


O livro de Steinbeck conta essa saga através da família de Tom Joad.




O livro foi adaptado ao cinema em 1940, com direção de John Ford, tendo no papel principal de Henry Fonda, no papel de Tom Joad.


Em 1990 o livro também foi adaptado ao teatro.






Fontes:


wikipedia.org
Steinbeck, Jonh - As vinhas da Ira - Ed. Abril - 1979 2 vol.
google.com
blogletras.com
bonslivrospraler.com.br
uol.com.br
youtube.com

sexta-feira, 24 de outubro de 2025



Hoje vamos falar da influência das religiões na História da Humanidade.



No processo de evolução humana os mitos sempre foram um alicerce para justificar as ações e os comportamentos das sociedades. Na Grécia antiga as divindades eram representadas por seres com sentimentos e aparências humanos, os sentimentos tinham raiva, amor, ciúme e daí por diante, assim muitos comportamentos da vida cotidiana dos gregos era explicadas pelas atitudes dos deuses, como por exemplo o fogo de Prometeu, onde o Titã Prometeu rouba o fogo sagrado de Zeus e entrega ao homens.





Prometeu





Esse é uma representação do começo dos questionamento do Homem sobre os deuses.


Ora cabia aos deuses o dom da vida e quando Prometeu roubo o fogo da vida poderia ter ficado com ele, isso lhe daria um poder enorme, mas quis compartilhar com os homens, num gesto em que dizia; tomem a vida para si próprios e façam dela o melhor possível.


No Gênesis 2:9; 2:16-17; 3:1-24, o deus hebraico plantou duas árvores; a árvore da vida, e a árvores do conhecimento sobre o bem e o mal, proibindo terminantemente, que Adão e Eva comecem de seus frutos. Ou seja o conhecimento do "Bem e do Mal" seria primazia de deus.


Eva desobedeceu a tirania e comeu do fruto do conhecimento, dando ao ser humano o livre arbítrio sobre o que é o bem e o mal.














Segundo o sociólogo Phil Zuckerman ,em seu livro "A sociedade sem deus", as nações menos religiosas podem nos dizer sobre o Contentamento”. Zuckerman alinhou provas de que as sociedades menos religiosas tendem também a ser as mais pacíficas, prósperas e justas, com políticas públicas que ajudam as pessoas a florescer, enquanto diminuem o desespero e a gula econômica.


1. A religião promove o tribalismo. Infiel, selvagem, herege. A religião divide entre conhecedores e estranhos. Ao invés de boas intenções, os adeptos muitas vezes são ensinados a tratar estranhos com desconfiança. “Não vos ponhais em jugo desigual com incrédulos”, diz a Bíblia cristã. “Eles querem que você não creia como eles não creem, e então vocês serão iguais; portanto, não sejais amigos deles “, diz o Alcorão (Sura 4:91).


2. A religião ancora crentes à Idade do Ferro. Concubinas, encantamentos mágicos, povo escolhido, apedrejamentos… A Idade do Ferro foi uma época de superstição galopante, ignorância, desigualdade, racismo, misoginia e violência. A escravidão tinha sanção de Deus. Mulheres e crianças foram literalmente posses dos homens. Pessoas desesperadas sacrificavam animais, produtos agrícolas, e os soldados inimigos organizavam holocaustos com o objetivo de apaziguar os deuses.


3. A religião faz da fé uma virtude. Confie e obedeça pois não há maneira de ser feliz sem Jesus. O Senhor opera de formas misteriosas, dizem os pastores a pessoas abaladas por um câncer no cérebro ou um tsunami. A fé é uma virtude.


4. A religião desvia impulsos generosos e boas intenções.Sentiu-se triste sobre o Haiti? Doe para nossa mega-igreja. Grades campanhas em tempos de crise, felizmente, não são a norma, mas a religião redireciona a generosidade a fim de perpetuar a própria religião. Pessoas generosas são incentivadas a dar dinheiro para promover a própria igreja, em vez de o bem-estar geral. A cada ano, milhares de missionários atiram-se ao duro trabalho de salvar almas em vez de salvar vidas ou salvar o nosso sistema de suporte de vida planetária. O seu trabalho, livre de impostos, engole capital financeiro e humano.


Quantos religiosos ficaram ricos às custas da boa fé e in tenção dos humildes. Hoje em programas de TV eles descaradamente induzem o fiel a doar dinheiro para as Igrejas em troca de felicidade e de milagres.


A Igreja sempre aceitou a exploração do homem pelo homem, e muitos viam na página do Velho Testamento a cumplicidade com a escravidão.













5. A religião promove a inação. O que há de ser, será. Confia em Deus. Todos já ouvimos essas frases, mas às vezes não reconhecemos a profunda relação entre religiosidade e resignação. Nas maioria das seitas conservadores do judaísmo, cristianismo e islamismo, as mulheres são vistas como mais virtuosas se deixarem Deus gerir o seu planejamento familiar. As secas, a pobreza e o câncer são atribuídos à vontade de Deus, em vez de às decisões erradas; fieis esperam que Deus resolva os problemas deles.


Com a frase "É a vontade de deus!" muitos cometeram crimes contra a Humanidade como a Inquisição, Cruzadas e Guerras Santas.








Inquisição










Cruzadas








6. As religiões buscam o poder. As religiões são instituições criadas pelo homem, assim como empresas com fins lucrativos. E, como qualquer empresa, para sobreviver e crescer uma religião precisa encontrar uma maneira de construir poder e riqueza e competir por participação de mercado. Hinduísmo, Budismo, Cristianismo, qualquer grande instituição religiosa duradoura é tão especialista nisso como a Coca-cola ou a Chevron. E estão dispostos a exercer seu poder e riqueza no serviço de auto-perpetuação, ainda que prejudiquem a sociedade em geral.




Na verdade, prejudicar a sociedade pode realmente ser parte da estratégia de sobrevivência da religião. Nas palavras do sociólogo Phil Zuckerman e do pesquisador Gregory Paul, “nem uma única democracia avançada que goza de condições sócio-econômicas benignas mantém um alto nível de religiosidade popular.” Quando as pessoas se sentem prósperas e seguras, a dependência da religião diminui.




Na verdade para a religião é conveniente que existam miseráveis, famintos e desiludidos, pois esses procurarão mais a religião.














Fontes:
webartigos.com/artigos/a-religiao
diariodocentrodomundo.com.br
wikipedia.org
google.com.br

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...