terça-feira, 17 de setembro de 2024

 Sílabas tônicas:


A diferença entre oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas está na posição da sílaba tônica:


Oxítonas:

A sílaba tônica está na última sílaba. Exemplos: jabuti, anéis, inconstitucional. As oxítonas são acentuadas quando terminam em -á, -ás, -é, -és, -ó, -ós, -ém, -éns, -ói, óis, -éu, -éus, -éis.


Paroxítonas:

A sílaba tônica está na penúltima sílaba. Exemplos: rosa, pistache, especificidade. A maioria das paroxítonas não são acentuadas, mas as que terminam em R, X, N, L, PS, Ã(S), ÃO(S), I, IS, EI(S), US, OM, ONS, UM, UNS são acentuadas.


Proparoxítonas:

A sílaba tônica está na antepenúltima sílaba. Exemplos: ética, tarântula, misericórdia.


Fontes:

todamateria.com.br

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Construção - Chico Buarque de Holanda

Construção



Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo


E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado


Mais uma obra de arte de Chico Buarque, a música Construção foi composta em 1971 e lançada no LP do mesmo nome.


Chico Buarque




A canção é composta em versos alexandrinos, isto é, com doze sílabas poéticas, com cisão na sexta sílaba, todos os versos terminam em proparoxítonas, onde a sílaba tônica é a antepenúltima. Segundo as regras gramaticais todas as proparoxítonas são acentuadas graficamente.

São quarenta e um versos que contam a história de um trabalhador da construção civil.

O desenvolvimento da letra procura mostrar a rotina desse trabalhador, que antes de ir trabalhar se despede da mulher e dos filhos, em seguida mostra o operário construindo o prédio, a pausa para ao almoço, o desiquilíbrio e a queda se espatifando no chão. 

No começo se sentia um príncipe, logo depois da queda não passa de um bêbado atrapalhando o trânsito.

Mostra, portanto a importância do trabalhador em construir um edifício, gerando progresso para a sociedade e para os que se beneficiarão dele. Enquanto descansa, depois do almoço, ele se sente importante pelo trabalho que executa, logo após, percebe que apesar da importância do trabalho, fora da obra ele não é reconhecido pela sociedade.

No asfalto onde ele jaz morto, a música mostra que ele é apenas mais um trabalhador, que agora atrapalha o sábado.

O disco abre com a doce e perigosa ironia ao falar dos militares no poder — “Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir/ A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir/ Por me deixar respirar, por me deixar existir/ Deus lhe pague” —,





A orquestração da música feita pelo maestro Rogério  Duprat, dá um tom que vai do lirismo à tragédia, com sons que imitam buzinas e suspense.


RogérioDuprat


Com poderosos metais e uma orquestra sinfônica que sublinha toda a melodia, passando das cordas suaves do início, dialogando com a voz delicada e frágil de Chico, entremeada pela percussão que vai enredando o ouvinte, com a letra forte carregada de imagens poderosas, até desembocar no ápice, com intervenções fortes e estridentes depois que o herói despenca do andaime e morre na contramão — “atrapalhando o tráfego”.


Neste momento, a canção ganha um tom catártico no arranjo de Duprat e explode, em um caos sonoro e labiríntico. Chico é um gênio e é esta faixa que mostra tudo isso. O arranjo retoma “Deus lhe pague” e deixa o ouvinte atordoado.



Fontes:

wikipedia.org
google.com
youtube.com
culturagenial.com
vermelho.og.br


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

A Noite das Garrafadas







A "Noite das Garrafadas" representou uma revolta ocorrida em 1831 no Rio de Janeiro, durante o período do Brasil Império (1822-1889). De um lado estava o grupo que apoiava Dom Pedro I, em grande maioria portugueses, e de outros, os liberais brasileiros insatisfeitos com seu governo, os quais exigiam maior liberdade política, administrativa e de imprensa.

Libero Badaró



Além de fatores como o autoritarismo do monarca, a censura, o fechamento da Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição em 1824 e a influência político-administrativa lusitana no país, o estopim para o desenvolvimento do confronto aconteceu no momento em que o jornalista liberal italiano Líbero Badaró foi misteriosamente assassinado, na cidade de São Paulo, em 1830.



No dia 20 de novembro de 1830, o jornalista Líbero Badaró,  que denunciava o autoritarismo do imperador D.Pedro I, é assassinado - e supõe-se que foi a mando do próprio governante. Os assassinos eram aliados políticos do imperador e esse episódio desencadeou uma onda de manifestações contrárias ao seu governo.


Ouro Preto - Minas Gerais


Em março de 1831, D. Pedro I viaja para Minas Gerais, buscando conter agitações federalistas locais. Nova onda de boatos espalhou a notícia de que ele preparava um golpe absolutista, planejando dissolver o Congresso. Por isso, no dia 11 de março ele retorna ao Rio de Janeiro,  onde volta a encontrar oposição aberta nas ruas da cidade. O conflito culminou na noite do dia 13, quando os comerciantes portugueses, partidários de d. Pedro, prepararam uma grande festa para celebrar o retorno, com fogueiras, iluminações, girândolas e lençóis com as cores nacionais. Já os liberais brasileiros entenderam os festejos como uma ofensa à dignidade nacional. E assim se iniciava o conflito conhecido como Noite das Garrafadas — por conta dos objetos atirados. Este confronto se sucedeu de tensões já altas entre os dois grupos. O Rio de Janeiro passava por uma onda oposicionista e xenofóbica, que atacava em especial os portugueses. O que havia começado como simples insultos pelos dois grupos, os nativistas e os portugueses, culminou na agressão física. A briga culminou com a expulsão dos brasileiros da Rua Quitanda, devido a garrafas jogadas pelos portugueses do alto de suas casas. O conflito durou três dias até que no dia 15, forças policiais chegaram ao local. Entre os presos da briga, se encontravam oficias jovens brasileiros, agravando mais ainda a tensão entre os grupos. Estes oficiais brasileiros seriam libertos por Francisco de Lima e Silva, que fora recolocado no posto de Comandante das Armas da Corte. Esse episódio teve importância primordial na crise política que resultaria na abdicação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831.


D.Pedro I



A "Noite das Garrafadas" é um dos exemplos de muitas revoltas que aconteceram durante o primeiro reinado, por causa das instabilidades do governo de D. Pedro I.



Fontes:  

brasilescola.uol.com.br
wikipedia.org
google.com
todamateria.com.br

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

 Poema "O corvo" - tradução de Machado de Assis


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Em certo dia, à hora, à hora

Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."




Once upon a midnight dreary , while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded , nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"Tis some visitor", I muttered, "tapping at my chamber door-

- Only this and nothing more."




Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranquilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!


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Em 29 de Janeiro, no ano de 1845, era publicado o famoso poema O Corvo (The Raven), do escritor norte-americano Edgar Allan Poe. A obra apareceu pela primeira vez nas páginas do jornal New York Evening Mirror. O poema traz a figura do misterioso corvo que pousa no busto de Atena e representa o caráter implacável da morte e seu impacto sobre o personagem, que lamenta e sofre profundamente a perda de sua amada Leonora. O que torna o poema diferenciado, principalmente, é a sua musicalidade, a atmosfera sobrenatural e seus jogos fonéticos, além do talento de Poe, um dos maiores nomes do romantismo e da literatura norte-americana.


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Edgar Allan Poe



O escritor nasceu em Boston - EUA, em 1809, filho de atores de teatro. Tornou-se órfão em tenra idade. Foi criado por um comerciante, John Allan, no sulista Estado da Virgínia. Ainda criança viveu no Reino Unido por um período de 5 anos. Durante uma juventude conturbada, tendo sido retirado da Universidade de Virgínia por seu tutor devido a dívidas de jogo, e expulso da academia militar, publicou seus primeiros trabalhos em Boston Tamerlão e outros poemas (1827), Baltimore Al Araaf (1829) e Nova York Poemas (1831). De volta à Virgínia teve curta carreira como editor e jornalista, tendo sido demitido por alcoolismo. Continuou por toda a vida mudando de cidades, sem se estabilizar, mas sempre conquistando reconhecimento como poeta, escritor e crítico. Com a publicação de The Raven (O corvo )(1845), conquistou imediata fama em todo o país.

Poe tinha uma certa inclinação para morbidez, seus interesses eram em pessoas mortas, enterradas vivas, dando um sentido gótico às suas obras.

A tradução do poema para o português não foi nada fácil diante do desafio de preservar a conhecida musicalidade do original em inglês. As versões mais conhecidas para o idioma são as de Machado de Assis e Fernando Pessoa.

Trouxe a tradução de Machado que incluiu beleza ao já belo texto de Edgar Allan Poe. Postei também a primeira estrofe no original para que se tenha uma ideia da obra e da dificuldade da tradução. Quem tiver interesse em ler o poema no original deixei o endereço do sítio abaixo: poetryfoundation.org/poems/48860/the-raven




Fontes:
seuhistory.com
google.com
pt.wikisource.org
casadacultura.org
wikipedia.org

sábado, 7 de setembro de 2024

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Famoso quadro do pintor paraibano Pedro Américo - 1888


Um importante capítulo da história do Brasil foi escrito às Margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, em um dia como hoje, no ano de 1822. De acordo com a historiografia clássica, foi naquele 7 de setembro que o nosso país conquistou a independência política de Portugal, em um momento que ficou marcado pelo "Grito do Ipiranga", proclamado por D. Pedro I. Com as famosas palavras "Independência ou Morte", D. Pedro I decretou o fim do domínio português no território brasileiro. Apesar da autonomia política, o Brasil, contudo, ainda era dependente economicamente de potências como a Inglaterra.

Segundo o jornalista e escritor Laurentino Gomes em seu livro "1808", a cena no quadro de José Américo, não foi tão épica assim: "... Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga..."

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De acordo com a historiografia moderna, no entanto, este processo de independência teve início em 1808, quando houve a transferência da corte portuguesa para o Brasil por conta do avanço das tropas napoleônicas na Península Ibérica. Além disso, outras revoltas contra o domínio português também marcaram nossa história, mesmo antes da chegada da corte ao Brasil, como foi o caso da Inconfidência Mineira (1789).

Entre os fatos mais imediatos que resultaram no Grito do Ipiranga está o "Dia do Fico", ocorrido em 9 de janeiro de 1822, quando D. Pedro I se recusou a cumprir a exigência da corte de Lisboa que determinava seu retorno a Portugal. Com isso, mostrava-se clara a intenção de "recolonizar" o Brasil, mas a presença de D. Pedro impedia este propósito. Este, no entanto, não retornou e proclamou: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico."


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Depois disso, uma série de medidas prepararam o terreno para uma inevitável independência do Brasil. D. Pedro convocou uma Assembleia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra e ordenou o retorno das tropas de Portugal. Ainda determinou que nenhuma lei de Portugal iria valer no Brasil sem sua autorização. 

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Poucos dias antes da proclamação da independência brasileira, Maria Leopoldina assinou, no dia 2 de setembro, o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Esposa de D. Pedro, ela havia assumido como princesa regente enquanto o príncipe estava apaziguando ânimos exaltados em São Paulo. Ela usou seus atributos de chefe interina do governo para fazer uma reunião com o Conselho de Estado, ocasião em que o documento foi assinado.

Durante a viagem, D. Pedro recebeu uma nova carta de Portugal que anulava a Assembleia Constituinte e exigia a volta imediata dele para a metrópole. Todas estas notícias chegaram a D. Pedro quando ele retornava de Santos para São Paulo. Diante de todos estes fatos, só havia uma coisa a fazer: à beira do riacho do Ipiranga, ele levantou a espada e gritou: "Independência ou Morte!". Em dezembro de 1822, D. Pedro foi declarado imperador do Brasil.

Apesar de manterem embaixadores no país a maioria relutou em reconhecer a independência do Brasil, fato que não abalou D.Pedro I, que numa carta ao marquês de Resende expôs:

"Olhando eu o reconhecimento político como uma espécie de sanção dada por todas as nações à Independência do Brasil, não acho,  contudo, essencial para gozarmos daquelas felicidades resultantes de uma nação independente..." (1)

(1) (Rezzutti, Paulo - D.Pedro a história não contada - pag.185


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A independência do Brasil foi reconhecida, primeiramente, por Estados Unidos e o México. Portugal só fez isso depois do pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, dinheiro que D. Pedro pegou emprestado da Inglaterra.

Apesar do valor histórico do 7 de setembro, velhas estruturais sociais permaneceram intactas, já que a população mais pobre não fez parte do processo e permaneceu a distribuição desigual de renda. De um lado, havia uma poderosa elite agrária e, do outro, os traços fortes de uma nova nação que carregaria por muito tempo o peso dos 300 anos de escravidão em sua história.


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Conheça os principais fatos e personagens da independência:



O ACORDO COM OS INGLESES

Aliados antigos dos portugueses, os ingleses escoltaram a família real em sua viagem ao Brasil por conta das invasões francesa e espanhola que estavam em curso no território português. Quatro naus da Marinha Real Britânica, sob o comando do capitão Graham Moore, reforçaram a esquadra portuguesa até o Brasil. Ao todo, foram aproximadamente 50 embarcações, com 20 mil pessoas a bordo. A viagem começou no dia 29 de novembro de 1807 e só terminou no dia 24 de janeiro do ano seguinte. Após uma longa jornada precária, com suprimentos insuficientes e barcos superlotados, a comitiva real desembarcou em Salvador. Ali mesmo, foi assinado Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, leia-se Inglaterra. Vale destacar que Portugal e Inglaterra têm o pacto de aliança mais antigo do mundo, o Tratado Anglo-Português, firmado em 1373.

NAPOLEÃO BONAPARTE

Napoleão já tinha o plano de invadir Portugal e repartir o reino em três partes com os seus aliados. Para isso, forçou uma aliança, o Tratado de Fontainebleau (1807), com a realeza espanhola, em que obrigou a abdicação do trono de Carlos IV em favor do seu irmão José Bonaparte. Como os portugueses não podiam abrir mão dos negócios com seus parceiros ingleses, a solução foi transferir todo seu aparelho estatal para a colônia no Brasil, em 1808. Após a invasão de Portugal, Napoleão teve dificuldade em exercer o seu domínio tanto ali quando na Espanha. O fato é considerado uma falha estratégica do poderoso imperador francês. Em 1820, com a Revolução em Portugal, a corte retornou ao Brasil 

D. JOÃO VI

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Então príncipe regente, Dom João VI tomou a decisão de aceitar a proteção inglesa e fugir para o Brasil tendo em vista sua delicada posição naquele momento: deveria ficar do lado de Napoleão, ou do lado dos ingleses? Ele simulou uma submissão voluntária à França, mas, nos bastidores, fazia pactos secretos com os ingleses. Pressionado de todos os lados, D. João decidiu pela retirada da corte portuguesa para bem longe da Europa. A sua jogada foi lembrada por Napoleão que, antes de morrer na prisão na Ilha de Santa Helena, disse: "O único que me enganou".


CARLOTA JOAQUINA

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Casada com Dom João VI, ela foi Imperatriz do Brasil, entre 1825 e 1826. Entrou também na história como a "A Megera de Queluz" devido à sua forte personalidade. Acabou isolada no Palácio de Queluz, nos arredores de Lisboa, por ter conspirado contra seu marido. Ela teve o seu casamento arranjado com D. João VI quando tinha apenas 10 anos. Seu pai era o Rei Carlos IV, da Espanha, que seria mais tarde obrigado por Napoleão a abdicar do trono.

D. PEDRO I

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D. Pedro é uma figura central na independência do Brasil. No dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, ele proclamou o surgimento de um novo país, com o grito de "Independência ou Morte". Por conta disso, também é chamado de Libertador e tornou-se o fundador e primeiro monarca do Império do Brasil.

JOSÉ BONIFÁCIO

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Conhecido como o patriarca da independência, foi devido a ele que D. Pedro aderiu ao movimento emancipador no Brasil. Logo após o 7 de setembro, ele organizou a ação militar contra os focos de resistência à separação e comandou uma política centralizadora. Também foi ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros de janeiro de 1822 a julho de 1823. Contudo, a convivência no poder entre ele e D. Pedro se deteriorou e eles romperam ligações, o que levou José Bonifácio a viver no exílio na França por seis anos. Mais tarde, se reconciliaram e José Bonifácio chegou a ser tutor de Pedro II quando seu pai abdicou do trono em 1831. Atribui-se a José Bonifácio a chegada da Maçonaria ao Brasil, com suas ideias liberais e anticolonialista.

MARIA LEOPOLDINA

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Maria Leopoldina assinou, no dia 2 de setembro, o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Esposa de D. Pedro, ela havia assumido como princesa regente enquanto o príncipe estava apaziguando ânimos exaltados em São Paulo. Ela usou seus atributos de chefe interina do governo para fazer uma reunião com o Conselho de Estado, ocasião em que o documento foi assinado.

MARQUESA DE SANTOS

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Ela foi uma figura que agitou a corte portuguesa. Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, era uma conhecida amante de Dom Pedro I. Os dois se conheceram poucos dias antes do príncipe proclamar a independência do Brasil. O romance durou até 1829, pois, de acordo com histórias da época, ela teria ficado enfurecida ao descobrir que a própria irmã e Dom Pedro mantinham um relacionamento. Contudo, quem mais sofria com a história era a imperatriz D. Leopoldina, que, de acordo com relatos, teria morrido aos 29 anos de depressão e infelicidade por ter que suportar a presença da Marquesa de Santos na corte.

LORD COCHRANE

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Herói nacional do Reino Unido por conta do seu sucesso nas Guerras Napoleônicas, Lord Cochrane organizou a Armada Imperial Brasileira após afastar-se do governo britânico.



Fontes:
seuhistory.com
google.com
1822, Gomes Laurentino
D.Pedro, a história não contada - Rezzutti, Paulo

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...