segunda-feira, 27 de maio de 2024

 Guerra do Contestado












No dia 8 de fevereiro de 1914, as forças militares de Santa Catarina, Paraná e do governo federal conquistaram a localidade de Taquaruçu (atual cidade de Curitibanos, em SC) durante a Guerra do Contestado (1912-1916). Com 700 soldados em ação, as tropas incendiaram o acampamento dos jagunços que, em sua maioria, haviam fugido para um lugar chamado Caraguatá (SC), de difícil acesso, onde já viviam cerca de 20 mil pessoas.


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Os fiéis à causa do Contestado eram chefiados por Maria Rosa, uma jovem de 15 anos, considerada uma espécie de Joana D'Arc do sertão. Ela assumiu a liderança espiritual e militar dos revoltosos após a morte do dito monge João Maria. Apesar desta derrota em Taquaraçu, os revoltosos conseguiram dar a volta por cima no dia 9 de março de 1914, quando as tropas tentaram atacar Caraguatá, mas forma expulsos pelos jagunços.


A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 até 08 de agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira, disputada pelos estados brasileiros do Paraná e Santa Catarina.

Originada nos problemas sociais, decorrentes principalmente da falta de regularização da posse de terras e da insatisfação da população hipossuficiente, numa região em que a presença do poder público era pífia, o embate foi agravado ainda pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.



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A região fronteiriça entre os estados do Paraná e Santa Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de que os agricultores contestaram a doação que o governo brasileiro fez aos madeireiros e à Douthern Brazil Lumber & Colonization Company. Como foi uma região de muitos conflitos, ficou conhecida como Contestado, por ser uma região de disputas de limites entre os dois estados brasileiros.






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Após a conclusão das obras do trecho catarinense da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, a companhia Brazil Railway Company, que recebeu do governo 15 km de cada lado da ferrovia, iniciou a desapropriação de 6.696 km² de terras (equivalentes a 276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina. O governo brasileiro, ao firmar o contrato com a Brazil Railway Company, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras."A área total assim obtida deveria ser escolhida e demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses, dentro de uma zona de trinta quilômetros, ou seja, quinze para cada lado". 

O "santo monge" José Maria rebelou-se, então, contra a recém formada república brasileira e decidiu dar status de governo independente à comunidade que comandava. Para ele, a república era a "lei do diabo". Nomeou "imperador do Brasil" um fazendeiro analfabeto, nomeou a comunidade de "Quadro Santo" e criou uma guarda de honra constituída por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze Pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média.




O governo brasileiro, então comandado pelo marechal Hermes da Fonseca, responsável pela "Política das Salvações", caracterizada por intervenções político-militares que em diversos Estados do país pretendiam eliminar seus adversários políticos, sentiu indícios de insurreição neste movimento e decidiu reprimi-lo, enviando tropas para "acalmar" os ânimos. 

Antevendo o que estava por vir, José Maria parte imediatamente para a localidade de Irani com todo o seu carente séquito. A localidade nesta época pertencia a Palmas, cidade que estava na jurisdição do Paraná, e que tinha com Santa Catarina questões jurídicas não resolvidas por conta de divisas territoriais, e acabou vendo nessa grande movimentação uma estratégia de ocupação daquelas terras.

A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa de suas terras, várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina.

Notamos bastante semelhança entre o Contestado e Canudos, ambas rebelaram-se contra o governo da recente República, que tomou suas terras e tentou subjuga-los. Ambas foram liderados por líderes religiosos que eram conhecidos como "homens santos".





Em 22 de outubro de 1912, a polícia do Paraná deu início a um ataque que resultou na batalha do Irani, em um lugar chamado "Banhado Grande", na qual morreram 11 sertanejos, entre eles o monge José Maria, e 10 soldados, inclusive o coronel João Gualberto Gomes de Sá Filho.


Um ano após o primeiro combate, uma menina de 11 anos, chamada Teodora, passou a relatar que tinha sonhos com José Maria e que este ordenava a todos os seus seguidores a dirigirem-se para Taquaruçu. Depois formam-se outras "cidades santas" ou redutos dos sertanejos, como Caraguatá, Santo Antônio, Caçador Grande, Bom Sossego, Santa Maria (a maior cidade, com mais de 20 mil habitantes), Pedra Branca, São Miguel e São Pedro.

Neste ponto da guerra do Contestado, começa a se destacar a figura de Deodato Manuel Ramos, vulgo "Adeodato", considerado pelos historiadores como o último líder dos contestadores. Adeodato transferiu o núcleo dos revoltosos para o vale de Santa Maria, que contava ainda com cerca de 50.000 homens. Só que aí, à medida que ia faltando o alimento, Adeodato passou a revelar-se cada vez mais autoritário, não aceitando a rendição. Aos que se entregavam, aplicava sem dó a pena de morte.


Adeodato Manuel Ramos



Cerco fechado, sem pressa e deixando os revoltosos nervosos lutarem contra si mesmos, em 8 de fevereiro de 1915 a ala Sul, comandada pelo tenente-coronel Estillac, chegou a Santa Maria. De um lado as forças do governo, bem armadas, bem alimentadas, de outro, rebeldes também armados, mas famintos e sem ânimo para resistir muito tempo. A luta inicial foi intensa e, à noite, o tenente-coronel ordenou a retirada, afinal, já contabilizara só no seu lado 30 mortos e 40 feridos.

Em dezembro de 1915, o último dos redutos dos revoltosos foi devastado pelas tropas de Setembrino. Adeodato fugiu, vagando com tropas no seu encalço. Conseguiu, no entanto, escapar de seus perseguidores e, como foragido, ficou ainda 8 meses escondendo-se pelas matas da região. Mas a fome e o cansaço, além de uma perseguição sem trégua, fizeram com que Adeodato se rendesse. Encerrava-se então, em agosto de 1916, com a prisão de Adeodato, a Guerra do Contestado.

Adeodato foi capturado e condenado a 30 anos de prisão. Entretanto, em 1923, 7 anos após ter sido preso, Adeodato foi morto pelo próprio diretor da cadeia numa tentativa de fuga.


Fontes:
seuhistory.com
wikipedia.org
google.com
asemanacuritibanos.com.br
dominiopublico.gov.br

quinta-feira, 23 de maio de 2024

 






Rua barão de Itapetininga, 70 sede do Partido Popular Paulista (PPP), onde houve a batalha do MMDC em 23 de maio de 1932.


Endereço atual



Na manhã do domingo, 22 de maio de 1932, a notícia da inesperada chegada de Oswaldo Aranha, ministro da Fazenda, a São Paulo causou perplexidade. Sua vinda à capital paulista tinha a notória finalidade de interferir, em nome do chefe do governo provisório Getúlio Vargas, na reforma do secretariado do governo do Estado, sob intervenção desde a ascensão de Getúlio ao poder. Os secretários nomeados eram de inteira confiança do interventor, o embaixador Pedro de Toledo. Uma forte indignação contra o governo federal tomou conta não só das elites paulistas, como também da população, que não concordavam com mais uma intromissão do governo na vida política de São Paulo. Em 1931, o desembargador Laudo de Camargo, que exercia o cargo de interventor em São Paulo, renunciou à função quando foi informado de que o seu secretariado seria trocado pelo Executivo federal à sua revelia. O descontentamento com os rumos da política de Vargas e a situação de inferioridade em que São Paulo se encontrava em relação à política brasileira levaram à formação de uma frente integrada pelos membros do Partido Republicano Paulista (PRP), derrotado pela Revolução de 30, e do Partido Democrático (PD), que havia apoiado Vargas no movimento que o levou ao poder em novembro de 1930. Apesar das posições antagônicas, as correntes acabaram se unindo e iniciando uma campanha pela imediata convocação de uma Assembleia Constituinte e pelo fim das intervenções nos Estados.

Na verdade, a elite paulistana, representadas pelos barões do café, nunca aceitaram terem perdido a influência na política do Brasil, desde a chamada política do café com leite.

Discursos inflamados naquela segunda-feira 23 de Maio de 1932.

Após mais um comício inflamado no centro da capital paulista, comerciantes, estudantes e setores da classe média, resolveram partir em direção à sede do Partido Popular Paulista (PPP).

A sede do PPP estava situada na rua Barão de Itapetininga, número 70, esquina da praça da República. Ao chegar ao local os atacantes foram recebidos à bala pelos que defendiam o prédio e suas vidas, caindo mortalmente feridos Euclydes Bueno Miragaia e Antônio Américo de Camargo Andrade.





No conflito na praça da República em 23 de maio foram vitimados à bala 11 manifestantes, sendo que três caíram mortos no local: Euclydes Bueno Miragaia, Antônio Américo de Camargo Andrade e Mário Martins de Almeida.

O jovem Drausio Marcondes de Souza, de apenas 14 anos, morreu cinco dias depois, em 28 de maio. Outra vítima, Orlando Oliveira Alvarenga, gravemente ferido, morreu 82 dias depois, no dia 12 de agosto, quando o movimento já havia sido batizado com a sigla que trazia as iniciais dos quatro primeiros tombados: MMDC, uma sociedade secreta, organizada no dia 24 de maio.

A história de estudantes mortos é um tanto forçada, além de Dráuzio Marcondes de Souza de 14 anos, que trabalhava com seu pai na farmácia da família, que era estudante, e foi até  a sede do PPP por mera curiosidade. Os demais já eram homens feitos. Mario Martins de Almeida tinha 25 anos na época e era fazendeiro em Sertãozinho.  Euclides Bueno Miragaia tinha 21 anos e trabalhava num cartório no centro de São Paulo, ele era de São José dos Campos. Antonio Américo Camargo, era de uma tradicional família de cafeicultores de Amparo, tinha 31 anos era casado e tinha 3 filhos.

Inflamados pela revolta contra o governo ditador de Getúlio Vargas que tomou o poder em 1930, a população foi às ruas em busca de uma nova Constituição. Nem todos, porém tinham esse ideal nobre de liberdade. Grandes cafeicultores paulistas estavam contra Getúlio porque esse acabou com o poder dos paulistas e mineiros em traçar os rumos da política brasileira, com a chamada politica do café com leite, que vigorava até 1930.

Essa batalha foi o estopim para a Revolução de 9 de Julho de 1932, oficialmente por uma Nova Constituição, mas que tinha um ranço da notoriedade política perdida, transformação de uma sociedade agrícola por uma industrial,    e certos sentimentos de secessão de São Paulo do resto do Brasil.




Fontes:
wikipedia.org
google.com
al.sp.gov.br
blogdogiesbrecht.blogspot.com
aventurasnahistoria.uol.com.br

sexta-feira, 17 de maio de 2024

 Hoje vamos falar do romance de Machado de Assis, "a mão e a luva".


Esse é o segundo romance do escritor, publicado pela primeira  vez em forma de folhetim.

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Obra do escritor Machado de Assis, o romance "A Mão e a Luva",  foi publicado no ano de 1874.


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Narra a história de Guiomar, moça altiva e segura de si, que procura, com frieza e calculismo, realizar o ambicioso plano de ascender socialmente, compensando a sua modesta origem. Três homens pretendem a mão de Guiomar: Estevão Jorge e Luis Alves.


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O primeiro sincero, porém simplório; o segundo indolente e superficial. Luis Alves, ambicioso e sagaz, acaba sendo o eleito, pois personificava as qualidades que se sintonizavam com o espírito de Guiomar, que, ao escolhê-lo, faz, segundo suas próprias palavras, " a fria eleição do espírito ".


Na história de A Mão e a Luva, os dois amigos Luis Alves e Estevão cursam faculdade. Estevão era apaixonado por Guiomar, que não lhe correspondia. Irritado e sem motivação, ele quase abandona o curso mas volta após Luis Alves lhe ajudar com uma conversa.

Após se formarem, os dois voltam a se encontrar, mas estão em situações opostas. Estevão ainda era um iniciante na profissão enquanto Luis Alves já era um ambicioso advogado que começava a atuar na carreira política. Estevão passa uns dias na casa do amigo e, em certa manhã, vê uma mulher sair da casa ao lado. Apaixona-se automaticamente pela moça, mas depois vem a saber que se tratava de Guiomar.

Luis percebe a conversa que Estevão tem com Guiomar enquanto a moça passeava com a madrinha de manhã. Estevão não comenta sobre o encontro e Luis passa negócios da família da baronesa, madrinha de Guiomar, para sua responsabilidade.

Após perder a mãe, Guiomar, que estava quase se tornando professora, acaba perdendo a ambição. Sua madrinha, a baronesa, acaba se tornando uma segunda mãe. Acontece uma espécie de troca, pois sua madrinha também havia perdido a filha.

Estevão acaba se declarando para Guiomar, mas desiste, pois a madrinha queria que a moça casasse com Jorge, seu sobrinho. Naquele momento, Luis também se interessara pela moça. Guiomar não demonstra sentimentos por Jorge e tenta escapar dele. A madrinha acaba pressionando a mulher para que se casasse com Jorge. Desesperada, Guiomar manda um bilhete a Luis solicitando que a peça em casamento. Estevão fica sabendo e vai embora.

Guiomar explica sua preferência por Luis, dizendo que seria "a fria eleição do espírito", já que vê em Luis a ambição suficiente para que se mantenham na alta sociedade. Negando o amor de Estevão e a Jorge, fica com Luis por achá-lo inescrupuloso, atrevido e com capacidade de passar por cima dos obstáculos para mantê-los em posição privilegiada.

O título do romance, A Mãe e a Luva, foi escolhido de forma rigorosa por Machado de Assis e sintetiza o intuito da obra. Simboliza a perfeita união entre uma luva criada na medida de uma mão. Seria o casamento entre Luis e Guiomar.

Livro A Mão e a Luva


O fim do livro justifica o título da obra. Veja:

— Mas que me dá você em paga? um lugar na câmara? uma pasta de ministro?

— O lustre do meu nome, respondeu ele.

Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.




Fontes:
mundovestibular.com.br
infoescola.com
google.com.br

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...